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Por que a função pública não é mais o sonho dos franceses?

O jornal Le Figaro desta sexta-feira (3) observa que em 20 anos, o número de candidatos aos concursos públicos na França desabou. De acordo com a reportagem, os jovens estimam que, além de serem mal pagos, esses postos oferecem poucas perspectivas. 

Faixa exibida em protesto na França onde se lê: "não há república sem serviço público".
Faixa exibida em protesto na França onde se lê: "não há república sem serviço público". REUTERS/Regis Duvignau
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Uma sondagem do Instituto Ipsos aponta que, em 2012, 73% dos jovens entre 15 e 30 anos queriam se tornar funcionários públicos. A garantia de emprego era a principal motivação, além das condições de trabalho e remuneração. Em 2020, 55% dos jovens diplomados não queriam integrar o serviço público, segundo estudo da DGAFP, a Direção Geral da Administração. 

O contraste chama atenção, já que o movimento dos "coletes amarelos" se traduzia pela demanda dos franceses por mais serviços públicos e mais proximidade com os agentes da administração. E mesmo se após os atentados recentes cresceu a admiração e apoio aos policiais, enquanto enfermeiros eram aplaudidos durante a epidemia de Covid-19, nada disse se traduz em interesse de integrar tais carreiras. 

A explicação do Figaro é que o Estado se fragilizou e ser funcionário não "representa mais participar de uma grande máquina respeitada e potente, que toma decisões em nome do interesse geral". É o resultado de "várias décads de degradação das condições de trabalho, da remuneração e da imagem", destaca o sociólogo Émilie Biland-Curinier, de Science Po, citado pela reportagem.

Consciente do problema, o Executivo francês prevê uma campanha de revalorização do emprego na função pública, a partir de maio. A educação é uma das carreiras mais afetadas, com falta de profissionais. Entre 1997 e 2019, o número de candidatos ao concurso para professor caiu pela metade, alcançando 80.000 mil interessados, em vez de 172.000.

Se o cargo público era uma segurança frente ao desemprego, hoje os jovens "preferem correr os riscos de serem empreendedores e investir em start ups", conclui o texto. Além disso, 33% dos jovens entrevistados evocam a precariedade salarial e degradação das condições de trabalho no funcionalismo.    

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