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Francesa jihadista é condenada a 12 anos de prisão e quebra mito sobre as mulheres no grupo Estado Islâmico

A Justiça francesa começou nessa quarta-feira (1°) a enfrentar um novo capítulo dos processos sobre o terrorismo jihadista no país. O Tribunal de Paris condenou a 12 anos de prisão Douha Mounib, uma mulher de 32 anos, por associação terrorista. Ela viajou para a Síria e o Iraque para participar de ações do grupo Estado Islâmico.

Tribunal em Paris, onde estão sendo julgados os casos das jihadistas francesas que foram para a Síria e o Iraque integrar o Estado Islâmico
Tribunal em Paris, onde estão sendo julgados os casos das jihadistas francesas que foram para a Síria e o Iraque integrar o Estado Islâmico AP - Francois Mori
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Com informações de Laura Martel, da RFI

Nascida em Nîmes (sul da França), a primeira viagem de Douha Mounib aconteceu quando ela tinha apenas 23 anos. Um ano após ter iniciado sua radicalização forjada em vídeos de propaganda jihadista, a jovem já usava véu e tinha como “obsessão” integrar o Estado Islâmico (EI).

Em 2013, ela vai para a Síria. Em 2015, parte rumo ao Iraque, onde dá à luz sua filha com outro jihadista. Durante suas estadias em territórios dominados pelo grupo terrorista, Mounib tornou-se conhecida por seu trabalho como doula, e afirma ter feito o parto de diversas mulheres do grupo Estado Islâmico.

Em 2017, a francesa foi presa pelas autoridades turcas na fronteira e, contra a sua vontade, foi enviada para a França. Hoje, ela se diz arrependida de ter participado do grupo terrorista.

O arrependimento, no entanto, não convenceu a Justiça, sobretudo após ela ter tentado fugir da prisão de Fresnes no final de 2021.

Ao ler a sentença, o presidente do júri, Laurent Raviot, explicou: “É uma decisão severa que sanciona a gravidade dos fatos, mas o tribunal teve dificuldade em apreciar a sinceridade de sua declaração sobre os elementos de sua evolução (...) e sua desvinculação [do EI]. Os elementos mais recentes são positivos, mas foram contrabalançados por sua tentativa de fuga, que foi um elemento importante na avaliação que o tribunal fez de sua sinceridade hoje”.

A sentença foi considerada justa pela defesa. “Eu esperava uma pena de mais de dez anos de toda forma”, reconheceu Douha Mounib durante o julgamento.

Brilhante e radicalizada

A história de Mounib revelada durante o julgamento derruba um mito frequente sobre as mulheres que partiram da Europa para integrar o califado do grupo Estado Islâmico, que teriam sido influenciadas por seus irmãos, maridos ou outros homens.

Mounib afirmou múltiplas vezes não ter seguido as ordens ou conselhos de homem algum, e contou como usou de diversas estratégias para chegar a seu objetivo de ir para a Síria e, mais tarde, para o Iraque. Nesse trajeto, ela se casou duas vezes, com homens que poderiam ajudar-lhe a chegar ao califado.

Considerada uma estudante brilhante e sensível, Mounib afirma ter se radicalizado sozinha, como a ajuda da internet. Mas como isso foi possível? De acordo com uma investigadora do departamento de segurança no tribunal, a doutrinação das mulheres correspondia muitas vezes a uma busca de sentido para pessoas com histórias de vida marcadas por “um passado familiar caótico e feridas psicológicas”.

O caso de Mounib não é excepcional. Dos mais de 1.400 franceses que fizeram parte do grupo Estado Islâmico e voltaram para a França, um terço são mulheres, segundo o jornal Le Monde.

Nesta quinta-feira (2), o tribunal começou a tratar o processo de outra mulher que integrou o EI e voltou ao território francês, Amandine Le Coz.

(Com AFP)

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