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Sindicatos franceses promovem 5ª jornada de mobilização contra reforma da Previdência

A expectativa é de um número menor de grevistas nesta quinta-feira (16), devido ao período de férias escolares em algumas regiões da França. Esta manhã, o metrô em Paris funciona normalmente e apenas algumas linhas de trem estão prejudicadas. O objetivo da mobilização é manter a pressão sobre os deputados, que têm até a meia-noite desta sexta-feira (17) para examinar o projeto de lei do Executivo.

Os sindicatos franceses promovem a 5ª jornada de mobilização contra a reforma da Previdência, a fim de manter a pressão sobre os deputados, que têm até a meia-noite desta sexta-feira para examinar o projeto de lei do Executivo.
Os sindicatos franceses promovem a 5ª jornada de mobilização contra a reforma da Previdência, a fim de manter a pressão sobre os deputados, que têm até a meia-noite desta sexta-feira para examinar o projeto de lei do Executivo. REUTERS - BENOIT TESSIER
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Cerca de 30% dos voos no aeroporto de Paris-Orly serão cancelados hoje e outros aeroportos regionais serão afetados pela paralisação. 

Depois da mobilização de sábado (11) que levou às ruas 963 mil manifestantes, segundo as autoridades, mais de 2,5 milhões, segundo os sindicatos, os protestos devem ser menores nesta quinta-feira. Uma fonte policial, citada pela agência AFP, disse esperar entre 450.000 e 650.000 pessoas nas ruas de todo o país, sendo 70.000 somente na capital Paris.

A maioria dos franceses continua resistente à reforma da Previdência. Na capital, a passeata desta quinta-feira começa às 14h locais (10 horas em Brasília), na praça da Bastilha.

Debate no Parlamento

As centrais sindicais apostam, contudo, em uma mobilização ainda mais forte no dia 7 de março, data em que pretendem paralisar o país no momento em que o projeto da reforma chega ao Senado. 

O artigo mais polêmico do texto, que aumenta a idade mínima para aposentadoria dos atuais 62 para 64 anos, ainda não foi examinado no Parlamento, onde os debates são cada vez mais virulentos por parte da oposição.

Nesta quarta-feira (15), o bloco da esquerda radical retirou 90% das emendas que obstruíam o debate parlamentar na Assembleia Nacional. Ainda faltam, entretanto, 11 mil emendas para serem analisadas. 

 A extrema esquerda já retirou 90% das emendas que obstruíam o debate parlamentar, marcado por uma forte virulência nos discursos na Assembleia. Mas ainda falta 11.000 sugestões de alteração do texto para serem analisadas.
A extrema esquerda já retirou 90% das emendas que obstruíam o debate parlamentar, marcado por uma forte virulência nos discursos na Assembleia. Mas ainda falta 11.000 sugestões de alteração do texto para serem analisadas. AFP - LUDOVIC MARIN

Irritado com a atmosfera no Parlamento, o presidente francês, Emmanuel Macron, disse que "a oposição não tem mais uma bússola e está totalmente perdida". 

Imprensa francesa aponta "meias-mentiras" do governo 

A manchete de capa do jornal Libération, nesta quinta-feira, diz que a propaganda feita pelo ministro do Trabalho, Olivier Dussopt, de que com esta reforma a pensão mínima de aposentadoria na França passaria a € 1.200 para todos é "um engodo". Ontem, o ministro admitiu que apenas 40 mil dos futuros pensionistas se enquadram nos critérios exigidos para receber o benefício, que são 43 anos de contribuição ao sistema previdenciário. Em seu editorial, o jornal progressista afirma que o discurso do governo sobre medidas positivas da reforma é "um festival de dados aproximados e meias-mentiras". 

O conservador Le Figaro critica em seu editorial a estratégia do partido de esquerda radical França Insubmissa, que apresentou milhares de emendas e agora retira boa parte delas, para evitar o debate sobre o artigo que estende a idade mínima para 64 anos. Mas não se omite sobre as injustiças do sistema previdenciário em relação às mulheres. 

Mulheres sempre prejudicadas

Com pensões inferiores aos homens por carreiras descontínuas e salários desiguais, muitas mulheres continuam trabalhando depois de se aposentar para melhorar sua renda mensal. Qual não é a surpresa de muitas delas quando descobrem, às vezes dez anos depois de terem trabalhado arduamente, que ultrapassaram o teto permitido pela lei para um pensionista trabalhar na França. Tudo o que pensavam ter ganhado para complementar a aposentadoria é cobrado de volta pelo Estado. 

O jornal Les Echos, de linha editorial liberal, também aponta o que seria uma "meia-mentira" dita pela primeira-ministra Élisabeth Borne. Segundo a premiê, os franceses que começaram a trabalhar aos 16 ou 18 anos seriam protegidos por um dispositivo de "carreiras longas", ou seja, com 43 anos de contribuição, mesmo não tendo 64 anos, poderiam se aposentar com a pensão integral. Les Echos verificou a informação e afirma que muitos nesta situação terão de acumular no mínimo 44 anos de contribuição. 

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