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Começa em Paris julgamento do atentado de Nice, que deixou 86 mortos

Seis anos após o atentado que traumatizou a cidade francesa, oito pessoas estão no banco dos réus no processo que tem início nesta segunda-feira (5) e deve durar quinze semanas.

Cópia do documento de identidade de Mohamed Lahouaiej-Bouhlel, motorista do caminhão que matou 86 pessoas em Nice, em 2016.
Cópia do documento de identidade de Mohamed Lahouaiej-Bouhlel, motorista do caminhão que matou 86 pessoas em Nice, em 2016. Polícia Francesa / AFP
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O terrorista Mohamed Lahouaiej Bouhlel, 31 anos, foi abatido pela polícia no dia 14 de julho de 2016. Ele tinha acabado de provocar uma carnificina no Passeio dos Ingleses, cartão postal de Nice, em plena noite de verão de feriado nacional.

No volante de um enorme caminhão alugado, ele avançou em alta velocidade pela orla, em um ziguezague mortal. Em 4 minutos e 17 segundos, lembra Libération, 86 pessoas morreram, entre elas 15 crianças e adolescentes. Um terço delas eram muçulmanas. Mais de 400 pessoas ficaram feridas. Milhares carregam o trauma.

“Um processo terrorista sem autor nem cúmplice”, diz manchete de Le Monde. Três dos acusados vão responder por associação em crime terrorista, explica Le Figaro, e podem receber penas de até 30 anos de reclusão. Os outros cinco, sendo que um está foragido, por crimes comuns, como infração sobre a legislação sobre armas.

O principal implicado é Mohamed Ghraieb, acusado de ter circulado no mesmo caminhão ao lado de Bouhlel dias antes, pelo Passeio dos Ingleses.“As vítimas foram rapidamente esquecidas ou confundidas entre si, apresentadas como uma massa uniforme, que deixam apenas números macabros”, lamenta o editorial do Libération.

Muitas lacunas e frustrações vão ficar, mas a audiência vai permitir uma “reconstituição de memórias”, diz a Libération uma advogada que representa mais de 90 partes civis.

Homenagem às vítimas do atentado de Nice, em 2016
Homenagem às vítimas do atentado de Nice, em 2016 REUTERS/Eric Gaillard

Sequelas e traumas

O jornal lembra que muitos dos sobreviventes ainda sofrem sequelas e centenas passam por tratamento ligados ao trauma do atentado, incluindo quase 700 menores. Familiares têm grandes expectativas, principalmente a de dar uma voz e um rosto às vítimas.

Dois dias depois do atentado, o grupo Estados Islâmico reivindicou o ataque e lançou outros apelos contra cidadãos de países que chamou de “infiéis”. Os investigadores do atentado de Nice não conseguiram estabelecer nenhum tipo de juramento de fidelidade ou vínculo operacional com um grupo terrorista.

A partir de 1986, todas as infrações de caráter terrorista são julgadas em Paris, explica Le Monde, independentemente de onde tenham sido cometidas. O objetivo é uma resposta penal homogênea. Em 2020, um ataque em uma basílica no centro de Nice matou a brasileira Simone Barreto Silva, de 44 anos, a facadas. 

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