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Paris-2024: provas de surfe serão disputadas no Taiti, nas "ondas mais bonitas do mundo"

Os melhores surfistas do mundo disputarão as medalhas de surfe dos Jogos Olímpicos Paris-2024 na "mandíbula de Hava'e", nome dado pelos polinésios à onda de Teahupoo, no sul do Taiti. Há décadas esse local fascina, mas também assusta surfistas internacionais pela potência de suas ondas. Três documentos assinados nesta quarta-feira (17) garantem que as provas acontecerão nos famosos tubos de Teahupoo, na maior das ilhas da Polinésia Francesa, na Oceania.

Teahupoo tem ondas espetaculares, poderosas e perigosas. Será o local de competição do surfe nos Jogos Olímpicos Paris-2024.
Teahupoo tem ondas espetaculares, poderosas e perigosas. Será o local de competição do surfe nos Jogos Olímpicos Paris-2024. Tim McKenna / Red Bull Content Pool
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Os acordos foram firmados entre o território ultramarino da Polinésia Francesa e o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos Paris-2024. "Vamos fazer um evento que atenda às suas expectativas", prometeu Edouard Fritch, presidente da Polinésia Francesa, durante a cerimônia que teve a participação de Tony Estanguet, presidente do Comitê Paris-2024, além de representantes do governo francês.

O primeiro acordo diz respeito à instalação das infraestruturas para os jogos em Teahupoo. O segundo foca na segurança do evento, enquanto a última portaria diz respeito à passagem da chama olímpica pela Polinésia Francesa.

Simbolicamente, esses documentos foram assinados na sede da Federação Taitiana de Surfe, em Papara, na costa sudoeste do Taiti, onde também será montada uma fan zone, de frente para a praia, durante os eventos olímpicos. A Polinésia Francesa é um território ultramarino da França que abrange mais de 100 ilhas no Pacífico Sul e se estende por mais de 2.000 km.

A assinatura confirma a escolha de Teahupoo como sede dos próximos eventos olímpicos de surfe, apesar da preocupação de uma parte da população local. Muitos temem que a natureza local seja prejudicada com as instalações para sediar a competição no arquipélago, localizado a 15.000 quilômetros de distância de Paris e conhecido por suas belezas naturais. 

“Somos uma pequena ilha perdida no Pacífico que vai sediar os Jogos Olímpicos. É extraordinário. Temos de convencer a população, mas faremos isso. Todos os olhos estarão voltados para nós”, acrescentou Edouard Fritch.

O presidente do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos Paris-2024 prometeu atenção aos espaços naturais. “Desde sexta-feira, conhecemos todos os locais de competição”, disse Tony Estanguet durante uma coletiva de imprensa. “Este é um projeto que está progredindo bem. As instalações serão necessárias, mas a maioria será temporária para não descaracterizar o local”, assegurou.

Brasil venceu a estréia do surfe olímpico

O surfe estreou como esporte olímpico em 2020, nos Jogos de Tóquio, com vitória brasileira. O surfista potiguar Ítalo Ferreira se tornou o primeiro campeão olímpico de surfe da história, na competição disputada em Chiba, no leste do Japão. O atleta brasileiro derrotou o japonês Kanoa Igarashi. 

Na mesma competição, o brasileiro Gabriel Medina foi derrotado pelo australiano Owen Wright, que levou o bronze.

O surfe foi um dos esportes incluídos no programa de Tóquio-2020 pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) para tentar atrair uma audiência mais jovem à competição. Depois dessa estreia marcante, a modalidade poderá, em Teahupoo, acessar uma outra dimensão: “o atleta que for campeão olímpico aqui, será vitorioso numa onda mítica”, destacou Tony Estanguet.

A delegação do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos Paris-2024 passou seis dias na Polinésia Francesa para conhecer as futuras instalações, incluindo locais para alojamento dos atletas, fan zones, etc.

A possibilidade de associar um território ultramarino aos Jogos Olímpicos também pesou na escolha dos organizadores e do Estado, apesar de a expectativa de público ser pequena, cerca de 1.500 pessoas.

Teste nos tubos de Teahupoo

Os membros do Comitê Organizador dos Jogos Paris-2024 voltam para a França na noite desta quarta-feira, depois de terem acompanhado o primeiro dia de competições do Outerknown Tahiti Pro (campeonato que acontece de 11 a 21 de agosto), a última parada do circuito profissional de surfe, antes da final mundial na Califórnia, em setembro.

É a primeira vez que Teahupoo, no Taiti, sedia uma competição desde 2006. Entre as atletas que participam estão a havaiana Carissa Moore, medalha de ouro em Tóquio, a australiana Stephanie Gilmore, sete vezes campeã mundial e as francesas Johanne Defay e Vahiné Fierro. A categoria feminina está de volta à competição após uma ausência de dezesseis anos.

Beleza e risco

Cercada por vulcões verdejantes, a onda de Teahupoo, no sudeste do Taiti, é frequentemente chamada de "a onda mais bonita do mundo" pelas estrelas do surfe. Mas é, também, uma das mais perigosas. Ela pode ultrapassar facilmente cinco metros de altura e seus tubos podem arrastar os mais aventureiros sobre recifes afiados de corais, após uma queda quase vertical de vários metros.

"Surfar nesta onda significa correr riscos, porque ela se aprofunda no recife e o risco de tocá-lo é alto", explicou Kauli Vaast, uma das esperanças de medalha do Taiti e que conta se classificar para os Jogos Paris-2024.

Considerada também uma das ondas mais fotogênicas do mundo, Teahupoo oferece aos surfistas tubos gigantes, quase translúcidos, de água azul-turquesa, imprescindíveis no circuito profissional.

Juntamente com Pipeline, na costa norte de Oahu, uma das ilhas que compõem o arquipélago havaiano do Oceano Pacífico, Teahupoo, no Taiti, é famoso por suas esquerdas perfeitas para a prática do surfe.

"É um local que pode ser perigoso, assustador e guarda milhares de histórias diferentes", confidenciou à AFP, no início de agosto, Johanne Defay, atual número 2 do mundo no circuito profissional de surfe.

O circuito masculino da World Surf League (WSL), a elite mundial, passava por Teahupoo quase todos os anos, desde o final dos anos 1990. Porém, suas ondas eram consideradas pelos organizadores como muito arriscadas para as mulheres, em meados dos anos 1990-2000. Frequentemente, Teahupoo é descrita por meios de comunicação como uma das "ondas mais mortais do mundo". 

"Esta onda é difícil para qualquer um surfar, homem ou mulher. Ela não se importa com o seu gênero e vai te destruir se quiser", disse Keala Kennelly, uma havaiana que venceu várias vezes no local. O Taiti é conhecido por sua formação vulcânica, natureza exuberante e recifes de corais que cercam suas ilhas. 

O Outerknown Tahiti Pro deveria ter começado na última quinta-feira, mas as más condições climáticas atrasaram as provas. "Vê-las desafiar essas grandes ondas mostra à geração mais jovem que é possível e que as mulheres têm o seu lugar", afirmou Jessi Miley-Dyer, da WSL.

(Com informações da AFP)

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