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Santuário de Lourdes deve receber mais de 1 milhão de peregrinos após pandemia

Uma missa de Assunção realizada nesta segunda-feira (15) e uma procissão de tochas dedicada à Virgem Maria reuniram milhares de peregrinos de todas as idades e origens no santuário católico de Lourdes, no sudoeste da França, onde são esperados 1,6 milhão de fiéis este ano.

Voluntários carregam estátua da Virgem Maria em procissão em Lourdes no dia 14 de agosto de 2022.
Voluntários carregam estátua da Virgem Maria em procissão em Lourdes no dia 14 de agosto de 2022. AFP - VALENTINE CHAPUIS
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“Vim conhecer a Virgem Maria, acho que fui convocada por ela”, explica Nina-Evelyne pouco antes do início da missa.

Comovida, esta marfinense de 50 anos conta que aproveitou as férias na França para fazer sua primeira peregrinação a Lourdes, depois de ter visitado diversas vezes o santuário de Nossa Senhora do Livramento, em Issia, na Costa do Marfim.

Monique N'Gotta, 47, também vem da Costa do Marfim, como uma centena de outros peregrinos presentes: "Ouvi Santa Bernadette me chamando e vim seguir seus passos", diz ela, em alusão a Bernadette Soubirous, para quem, de acordo com a tradição católica, a Virgem Maria apareceu em 1858.

"Esperança para vencer o medo"

Este ano, a peregrinação nacional escolheu como tema “a esperança de que o nosso mundo tanto precisa para vencer o medo, as doenças e as incertezas”.

Centenas de doentes em cadeiras de rodas estavam entre os 15 mil peregrinos que participaram da missa realizada em torno de uma grande marquise, informa uma contagem da direção do santuário.

Neste domingo (14), pouco depois do anoitecer, milhares de pessoas também caminhavam à luz de tochas, acompanhando uma branca estátua da Virgem Maria e rezando a "Ave Maria".

Vindas de Portugal, Edite Antunes, de 67 anos, e Maria Silva, de 58, revelaram sua "emoção" de estarem ali pela primeira vez, sobretudo porque não puderam ir ao santuário português de Fátima desde o início das restrições sanitárias devido à Covid-19.

Santuário ainda está "convalescente"

Essas restrições sanitárias também reduziram bastante o número de peregrinos que chegam a Lourdes desde 2020.

Depois de receber cerca de 3,5 milhões de peregrinos por ano antes da pandemia, esse número caiu para 800 mil em 2020 e depois para 1,6 milhão em 2021. Eles devem ser cerca de 1,6 milhão também este ano, disse à AFP o diretor de comunicação do santuário, David Torchala.

O santuário, cujo orçamento de cerca de € 30 milhões é financiado apenas por doações dos fiéis, deve colocar até três quartos de seus 320 funcionários em desemprego parcial entre setembro deste ano e junho de 2023.

Para Torchala, o santuário, um dos primeiros lugares de peregrinação católica no mundo, ainda está “convalescente”.

Entre os presentes no domingo estavam cerca de 4 mil participantes da peregrinação nacional, a mais importante para os católicos franceses, organizada todos os anos por volta de 15 de agosto.

Desde sua criação em 1873, a peregrinação nacional da Assunção celebra "a subida ao céu" no final da sua vida terrena de Maria, mãe de Cristo, crença que já existia há séculos quando o Papa Pio XII erigiu a Assunção em dogma, em 1950.

Pela teologia católica, Maria, preservada de todo pecado desde sua concepção para dar a luz o filho de Deus, não podia conhecer a corrupção do pecado após sua morte.

Gesto da água, mas sem água

Domingo, após a procissão, muitos fiéis fizeram fila em frente às torneiras de água consideradas sagradas pelos cristãos para levar um pouco para casa. Enquanto a seca dificulta o abastecimento de água potável em alguns municípios franceses, em Lourdes, essa “água benta” não vai faltar.

O santuário tem de fato um sistema de armazenamento de água da fonte da caverna de Massabielle onde, pela tradição católica, apareceu a Virgem Maria.

Durante a baixa temporada, este sistema permite armazenar água suficiente para os muitos peregrinos esperados no verão, explica o diretor técnico do santuário, Sébastien Maysounave.

A água, portanto, flui como de costume neste verão das 15 torneiras e permanece presente nas 18 fontes do santuário. Por outro lado, as bacias, também chamadas de “piscinas”, permanecem vazias para limitar os riscos de contágio pelo vírus da Covid-19.

Os fiéis são convidados a refazer o chamado “gesto da água” que Bernadette teria feito a pedido da Virgem, mas sem água.

(Com informações da AFP)

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