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França: homem confessa que botou fogo em floresta no sul, que teve 1.200 hectares queimados

Em meio a uma seca histórica no país, que favorece incêndios, a França ainda enfrenta a ameaça dos piromaníacos. Nesta quinta-feira (28), um homem de 44 anos admitiu ter ateado fogo numa região do departamento da Ardèche, no sul, resultando em cerca de 1.200 hectares de floresta queimados.

Bombeiros em ação para conter incêndio na Duna do Pilat, em Teste de Buch, no sudoeste da França, 13 de julho de 2022. O local turístico foi reaberto nesta quinta-feira, 28 de julho.
Bombeiros em ação para conter incêndio na Duna do Pilat, em Teste de Buch, no sudoeste da França, 13 de julho de 2022. O local turístico foi reaberto nesta quinta-feira, 28 de julho. AFP - THIBAUD MORITZ
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O incêndio foi controlado e não deixou vítimas. A pista criminosa foi confirmada pelo Ministério Público de Privas (capital regional), que ouviu várias testemunhas e obteve a confissão do suspeito, que está detido para interrogatório desde  quarta-feira (27). O homem inicialmente contestou os fatos, antes de mudar de versão. As declarações "permitiram a identificação do réu", afirmaram os procuradores.

No momento da detenção, o suspeito "carregava uma grande quantidade de álcool" em seu veículo, material que “poderia incriminá-lo”, detalhou a acusação. Ele se apresentará nesta sexta-feira diante do juiz de instrução do tribunal de Privas. 

No total, foram identificados doze focos de incêndio, que foram controlados durante a madrugada. O fogo foi "controlado, mas ainda não extinto”, disse à imprensa Jean-Philippe Ladet, comandante das operações de resgate dos bombeiros. O vento norte “com rajadas superiores a 70 km/h” e “seca durante vários meses” alimentaram ainda mais a extensão do incêndio, que teve início simultaneamente em vários pontos, segundo Ladet.

Cerca de 600 homens foram mobilizados durante a noite, apoiados por cinco aviões Canadair, além de uma centena de veículos de intervenção e um helicóptero de segurança civil. Nesta quinta-feira, 350 bombeiros ainda trabalhavam no local. O fogo não causou feridos e nem ameaçou casas.

“Nós não paramos,” das 9h às 15h (7h às 13h GMT), testemunhou Romain Charbonnier, 22, bombeiro voluntário, que estava com dois colegas perto de uma árvore em chamas. "Mais um incêndio na comunidade de Lussas, um verão catastrófico, seca...nossas florestas desaparecem quando precisamos tanto delas", desabafou um internauta pelo Twitter ao divulgar imagens das chamas consumindo áreas de vegetação nativa. 

Nos Alpes-de-Haute-Provence, no sudeste, 400 pessoas foram retiradas preventivamente na noite passada de um acampamento por causa de um outro foco de incêndio que já atingiu 300 hectares na cidade de Rougon, no Parque Natural Regional de Verdon. Mas o fogo "foi combatido e está progredindo pouco", informou a prefeitura, nesta quinta-feira.

Na quarta-feira, um incêndio que queimou 800 hectares de vegetação perto de Montpellier (sul) também foi controlado.  

Estes novos incêndios surgem poucos dias depois dos dois incêndios de grandes proporções que devastaram, durante doze dias, cerca de 21.000 hectares de florestas da Gironde, no sudoeste do país, onde 36.000 pessoas tiveram de ser retiradas de suas casas e mesmo de campings.

Após estes incêndios monstruosos, a duna de Pilat - a mais alta da Europa e um local muito turístico à beira do Oceano Atlântico – foi finalmente reaberta ao público nesta quarta-feira, "em condições seguras e com caminhos guiados", segundo o prefeito da Gironde, Fabienne Buccio.

Vista da duna de Pilat encoberta de fumaça. Em 18 de julho de 2022.
Vista da duna de Pilat encoberta de fumaça. Em 18 de julho de 2022. AP - Sophie Garcia

Bombeiro suspeito de outros incêndios criminosos

Nesta quarta-feira, um bombeiro voluntário foi colocado sob custódia policial como parte de uma investigação sobre oito incêndios em Hérault, região da Ocitânia, no sudeste da França. O caso não tem relação com o grande incêndio que teve início na terça-feira no mesmo departamento, segundo a promotoria.

A ação humana também pode estar por trás de três incêndios ocorridos em 26 de maio, Saint-Privat, na região da Nova Aquitânia, no centro da França.    “Nesta ocasião, uma testemunha comunicou uma informação que permitiu identificar um veículo que circulava em alta velocidade e com todas as luzes apagadas nas proximidades”, especificou o promotor de Montpellier, Fabrice Bélargent.

Este mesmo veículo "fez uma breve parada" em 21 de julho em uma estrada de terra que levava a Saint-Jean-de-la-Blaquière, uma cidade vizinha, "local onde um incêndio começou alguns momentos depois", segundo as investigações da brigada de Lodève.

O mesmo veículo voltou a ser avistado na localidade de Saint-Jean-de-la-Blaquière, "concomitantemente com a observação de quatro inícios de incêndio", especificou o procurador.

O proprietário do veículo, um bombeiro voluntário, foi detido "no âmbito de um procedimento de dano voluntário por incêndio", acrescentou Bélargent. "Deve-se enfatizar que os fatos citados acima são distintos do grande incêndio em torno da cidade de Gignac", insistiu o promotor, citando ainda uma outra ocorrência.

Se os verões forem secos no sul, com o aquecimento global, é provável que a intensidade desses episódios de seca aumente ainda mais, segundo especialistas da ONU. Na França, o nível de seca atingiu um recorde com 91 dos 96 departamentos forçados a impor restrições ao uso da água.

(Com informações da AFP)

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