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Festival Utopia de arte contemporânea invade Lille, no norte da França

Prepare-se para embarcar numa Utopia. Começa neste sábado (14), no norte da França, a 6ª edição do projeto Lille 3000. A capital europeia da cultura de 2004 recebe mais de 50 exposições, metamorfoses urbanas, espetáculos e conferências. O evento, que vai até o dia 2 de outubro, reúne artistas estrangeiros e brasileiros em torno do tema natureza.

Uma das exposições do projeto "Lille 3000", no norte da França.
Uma das exposições do projeto "Lille 3000", no norte da França. © Maria Paula Carvalho
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Maria Paula Carvalho, enviada especial da RFI a Lille

Assim que desembarca na estação de trem Lille Flandres, o visitante se depara com uma obra monumental da artista portuguesa Joana Vasconcelos. A escultura inflável, recoberta de lã e tecido, fica suspensa sobre o terminal de passageiros e homenageia três figuras femininas da França: a escritora Simone de Beauvoir (1908-1986), Simone Veil (1927-2017) e Simone Hérault (1950), atriz que ficou conhecida como a voz que anuncia as partidas e chegadas da Companhia Ferroviária Francesa.   

Alguns passos a mais, e chegamos à avenida principal, agora tomada pelos seres imaginários do artista finlandês Kim Simonsson. Em formato gigante, esses duendes e fadas em cor verde vibrante chamados de “peuple de mousse” indicam que Lille foi invadida pelas criações e o imaginário de artistas do mundo todo.

Numa das praças, o visitante se depara com os “Minitos” de Jean-François Fourtou. São esculturas com cabeças de legumes, inspiradas na série “Nanitos”, que o artista realiza há vários anos. Tudo começou com uma história que ele contava para a sua filha sobre personagens que viviam no jardim, cavando labirintos e ajudando a cuidar da horta.

A mostra “Jardim do Éden” é outra apresentação sedutora e animada, que celebra e estimula a busca humana por um mundo melhor, através do olhar crítico dos artistas. As obras questionam problemas atuais, como o desmatamento e as secas, propondo soluções inovadoras.

Apesar da presença de muitos convidados, a festa só acontece graças à participação de toda a comunidade de Lille e seus subúrbios. Meses antes da abertura, a população se mobiliza em workshops e ateliês de preparação de fantasias e figurinos para as várias apresentações que compõe a programação oficial.  

Os “Minitos” de Jean-François Fourtou são esculturas com cabeças de legumes, e “Peuple de mousse” são seres imaginários do artista finlandês Kim Simonsson.
Os “Minitos” de Jean-François Fourtou são esculturas com cabeças de legumes, e “Peuple de mousse” são seres imaginários do artista finlandês Kim Simonsson. © RFI Maria Paula Carvalho

“Lille foi a capital europeia da cultura, em 2004, e visto o sucesso, decidimos ir mais longe e inventar Lille 3000. A cada dois ou três anos, toda a cidade recebe óperas, teatros, festas e grandes exposições, que duram 4 meses”, explica, em entrevista à RFI Brasil, Didier Fusillier, diretor artístico do evento. “Ele cria uma dinâmica importante com artistas internacionais e a juventude local e essa mistura se chama, hoje, Utopia”, completa.  

Uma utopia possível

Palavra grega que costuma designar um ideal inexistente ou inacessível, "Utopia" é o título do livro que o escritor e humanista inglês Thomas More publicou em 1516. No momento atual, em que o mundo enfrenta os desafios das mudanças climáticas, "Utopia" propõe uma reflexão sobre os vínculos entre os humanos e os demais seres vivos.

O tema é explorado nas diversas exposições que se espalham por Lille e seus arredores, como o Museu de L’Hospice Comtesse, o Palácio de Belas Artes e o espaço cultural Le Tripostal, que abriga uma mostra composta por obras da Fundação Cartier sobre o tema do meio ambiente. Desta vez, o acervo de quadros e instalações de artistas plásticos internacionais renomados abre espaço para as obras de representantes da arte indígena contemporânea brasileira, como Bane, do povo Huni Kuim e Jaider Esbell, do povo Makuxi.   

"Utopia" é um conjunto de performances e experiências sensoriais que têm por objetivo gerar consciência ambiental através da arte moderna. Uma programação para todas as idades, que começa em alto estilo. A festa de abertura, neste sábado, vai durar do meio-dia à meia-noite e inclui uma parada musical com personagens saídos da floresta e bonecos gigantes, que ganham vida numa ambientação psicodélica, no centro da cidade. O público é convidado a acompanhar o cortejo e mergulhar no universo dos diferentes artistas. O trajeto passa por várias estações, onde haverá concertos ao ar livre, oficinas e termina com uma queima de fogos de artifício.

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