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Unida a Mélenchon, esquerda inicia campanha para eleições legislativas na França

No dia da posse de Emmanuel Macron para o seu segundo mandato na presidência da França, neste sábado (7) foi dada a largada para as eleições legislativas no país. Em junho, a votação determinará se o presidente terá maioria no Parlamento para conseguir implementar seu programa de governo.

Jean-Luc Mélenchon discursa na primeira convenção do Nova União Ecológica e Social popular (Nupes), que reúne a esquerda francesa para as eleições legislativas de junho.
Jean-Luc Mélenchon discursa na primeira convenção do Nova União Ecológica e Social popular (Nupes), que reúne a esquerda francesa para as eleições legislativas de junho. AFP - JULIEN DE ROSA
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No total, 577 deputados serão escolhidos nas urnas em dois turnos, nos dias 12 e 19 de junho, no que é considerado o prolongamento da eleição presidencial. Em um evento em Aubervilliers, na periferia de Paris, o líder da esquerda radical Jean-Luc Mélenchon discursou na posição de principal nome da esquerda, depois que o seu partido, França Insubmissa, conseguiu fechar um acordo inédito com os socialistas, os ecologistas e os comunistas, nesta semana.

Os “insubmissos" celebraram "uma página da história" durante a convenção que marcou o nascimento da "Nova União Ecológica e Social popular" (Nupes). Durante o evento, o logotipo da aliança foi revelado: um "V" vermelho, verde, roxo e rosa que significa vitória, mas também é a letra grega "NU".

"Esta é a primeira vez em 25 anos que se chega a um acordo geral entre as forças tradicionais da esquerda, os ambientalistas e os mais jovens, os insubmissos", disse Mélenchon, que no primeiro turno da eleição presidencial obteve o resultado excepcional de quase 22% dos votos, no terceiro lugar. O restante da esquerda teve votações insignificantes.

"Os 40 anos de neoliberalismo dominando o planeta, saqueando sociedades, saqueando a natureza, destruindo seres humanos: este sistema perdeu força”, declarou Mélenchon. "Não há saída para a crise que a humanidade enfrenta a não ser romper com tal sistema", continuou, convidando os franceses a realizar "um ato de resistência coletiva em uma era de mudanças sociais, ecológicas e democráticas”.

Discordâncias na esquerda

O acordo das esquerdas prevê aposentadoria aos 60 anos (atualmente é aos 62), o aumento do salário mínimo para E 1.400 e a renacionalização de companhias como EDF, ENGIE, além de rodovias e aeroportos. O Partido Socialista votou a favor do texto com 167 votos a favor e 101 contra. Mas o acordo não causou comoção entre os ambientalistas e é rejeitado abertamente por várias figuras importantes do PS, como o ex-presidente François Hollande e o ex-ministro Bernard Cazeneuve, que deixou a sigla.

O desafio da oposição será manter a mobilização de seus eleitores, convencendo-os de que “o terceiro turno” é possível. O maior objetivo é conseguir uma votação suficiente para impor um governo de coabitação a Macron – quando o primeiro-ministro é de um partido opositor, vencedor nas eleições parlamentares.

Já o partido do presidente, República em Marcha, revelou mais uma lista de candidatos ao pleito, que chegam a 450. Entre eles, aparece o de Robin Reda, figura dos Republicanos que até a eleição presidencial, em abril, era aliado fiel de Valérie Pécresse, que disputou pela sigla de direita conservadora.

Além de Reda, dez novos ministros juntaram-se aos outros dez já anunciados na quinta-feira (5), entre eles o da Saúde, Olivier Véran, que concorre por um novo mandato pela seção de Isère. Na França, os mandatos eleitorais podem ser cumulativos com cargos no governo.

Após negociações tensas, o República em Marcha, o MoDem, de François Bayrou, e o novo partido Horizontes, fundado pelo ex-premiê Edouard Philippe, estão enfrentando as eleições legislativas "Juntos!" – nome escolhido para a campanha da coligação.

No discurso de posse nesta manhã, Macron fez "o juramento de legar um planeta mais habitável" e "uma França mais forte”. Mas enquanto aguarda a nomeação de um novo governo, o olhar do chefe de Estado está voltado para as próximas eleições legislativas.

Extrema direita de organiza

À direita, Os Republicanos reuniram-se em Paris durante um conselho nacional para lançar uma campanha que promete confirmar resultados medíocres – Valérie Pécresse acabou 4,8% nas eleições presidenciais. "Nada está decidido, as coisas estão se movendo no terreno", assegurou o presidente do partido, Christian Jacob, que tenta evitar uma debandada para a sigla de Macron.   

No campo da extrema direita, o polemista Eric Zemmour mantém o suspense sobre se será candidato, mas se comprometeu a combater a esquerda. Ele também esteve junto dos 550 candidatos do seu partido Reconquista! nesta tarde, em Paris.

"Vou contar, nos próximos dias, como vou travar esta batalha", disse, lamentando que "o bloco nacional esteja dividido" e lembrando que havia proposto uma "união das direitas que não ecoou no Reunião Nacional (RN), de Marine Le Pen. O partido histórico de extrema direita aguardará a próxima semana para apresentar os eixos de sua campanha.

"Nós seremos os únicos a enfrentar o bloco melenchonista, já que somos os únicos a considerar que existe uma divisão direita-esquerda", ressaltou Zemmour.

Com informações AFP e Reuters

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