Acessar o conteúdo principal

França: único senador eleito pela extrema direita troca Marine Le Pen por rival Zemmour

A candidata à presidência da França Marine Le Pen, líder do partido de extrema direita Reunião Nacional (RN), sofreu mais uma deserção em sua campanha. O único senador eleito pela sigla, Stéphane Ravier, representante de Marselha, anunciou seu apoio ao rival Éric Zemmour, que disputa o mesmo eleitorado de extrema direita com o movimento "Reconquista".

Marine Le Pen tem sua campanha à presidência francesa fragilizada pela migração de partidários para a candidatura do rival Eric Zemmour.
Marine Le Pen tem sua campanha à presidência francesa fragilizada pela migração de partidários para a candidatura do rival Eric Zemmour. ALAIN JOCARD AFP
Publicidade

A extrema direita francesa continua a se fraturar, a dois meses do primeiro turno da eleição presidencial, marcado para 10 de abril. O polemista Éric Zemmour e sua retórica identitária radical, anti-imigração e antimuçulmanos tem conquistado o apoio de militantes históricos do RN, fragilizando a adversária. "Marine Le Pen não representa mais minhas ideias, que agora são defendidas por Eric Zemmour", explicou o senador. 

Stéphane Ravier, parlamentar pela região de Bouches-du-Rhône (sul), deixa o RN depois de passar 30 anos no partido. Ele bateu a porta criticando Marine Le Pen, que disputará a eleição presidencial pela terceira vez, "pela falta de combatividade". 

A direitista, depois de chegar em terceiro lugar em 2012 e alcançar o segundo turno em 2017, quando foi derrotada por Emannuel Macron, vem há anos tentando se desvencilhar da imagem xenófoba, antissemita e nacionalista do pai, Jean-Marie Le Pen. Entretanto, ao construir uma imagem mais aceitável para ampliar sua reserva de votos à direita, Marine tem perdido a ala mais radical do eleitorado de extrema direita, que encontra uma alternativa na oferta política de Zemmour.

O presidente do RN, Jordan Bardella, minimizou esta nova deserção, que ocorre após a saída de três eurodeputados e de vários representantes da legenda em assembleias regionais. Bardella diz que Marine Le Pen perdeu o apoio de "uma dezena de eleitos em 1.000" representantes que o partido tem em suas fleiras. Ele considerou até melhor que a identificação dos "fãs da provocação" e de partidários de uma linha mais radical que a do RN aconteça nesta altura da campanha. 

Zemmour: "o Bolsonaro francês"

Na avaliação de Bardella, o rival Eric Zemmour não tem condições de vencer a eleição presidencial defendendo uma visão tão radicalizada para o país. A retórica violenta do jornalista, inclusive sua misoginia desinibida, fizeram a imprensa local apelidar o candidato de "Bolsonaro francês".

O fundador do movimento Reconquista defende, entre outros pontos do programa, uma restrição do direito de asilo e o fim da legislação de reagrupamento familiar, que permite a um imigrante legalmente instalado pedir visto de residência para seus ascendentes e descendentes mais próximos. Zemmour também propõe que policiais e cidadãos fiquem isentos de processos judiciais, caso reajam a agressões "em situação de legítima defesa". 

Mas o maior golpe à candidatura de Marine Le Pen veio da própria sobrinha, Marion Maréchal, que também manifestou há alguns dias a intenção de apoiar o polemista. 

Segundo as últimas pesquisas, Emmanuel Macron, que ainda não oficializou sua candidatura, tem de 24% a 25% das intenções de voto no primeiro turno. Atrás do presidente, três candidatos aparecem praticamente em empate técnico: Marine Le Pen (15%-17%); Valérie Pécresse (da direita republicana, 14,5%-15,5%); e Eric Zemmour (14%-14,5%). No segundo turno, Macron venceria em todos os cenários. 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.