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Com 2% de intenções de voto, socialistas podem virar nanicos em presidencial na França

Após comandar a França por duas décadas nos últimos cinquenta anos, o Partido Socialista luta para sobreviver nesta eleição presidencial. A cinco dias do primeiro turno, a candidata socialista Anne Hidalgo, prefeita de Paris, tem apenas 2% nas intenções de voto e aparece em décimo lugar entre os 12 pretendentes ao Eliseu. O resultado dessas eleições pode marcar o rebaixamento dos socialistas no tabuleiro político francês.

A candidata presidencial do Partido Socialista Francês (PS) Anne Hidalgo durante a campanha uma semana antes do primeiro turno das eleições presidenciais francesas, na sede do Cirque d'Hiver em Paris, em 3 de abril de 2022.
A candidata presidencial do Partido Socialista Francês (PS) Anne Hidalgo durante a campanha uma semana antes do primeiro turno das eleições presidenciais francesas, na sede do Cirque d'Hiver em Paris, em 3 de abril de 2022. AFP - THOMAS COEX
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Ela bem que tentou reunir os partidos de esquerda em torno de sua candidatura e chegou até, em dezembro do ano passado, a propor primárias para a escolha de um nome único entre os eleitores deste espectro, imaginando conseguir maioria com o voto dos socialistas.

Mas todas as estratégias parecem ter naufragado até o momento, e Anne Hidalgo corre o risco de ser a candidata socialista com a menor votação da história.

A pesquisa do instituto Ipsos, publicada nesta terça-feira (5), indica a socialista com 2% de intenções de voto. Muito longe do pelotão que vai à frente, liderado pelos 27% do presidente Emmanuel Macron (LRM), seguido pela representante de extrema direita Marine Le Pen (RN, 20,5%) e pelo esquerdista Jean-Luc Mélenchon (França Insubmissa, 16,5%).

Em quarto lugar, aparece ultradireitista Éric Zemmour, com 10 pontos, seguido pela republicana Valérie Pécresse (8%) e pelo ecologista Yannick Jadot  (5,5%).

A representante do tradicional partido socialista aparece atrás até de partidos pequenos, como o comunista Fabien Roussel (3,5%), o antistablishment Jean Lasalle (3%) e o nacionalista Nicolas Dupont-Aignan (2,5%).

Se o cenário se concretizar no próximo domingo (10), esta será a pior votação dos socialistas em mais de um século de existência do partido, atrás dos 5% conquistados em 1969 por Gaston Defferre ou dos 6,2% de Benoît Hamon na última eleição, em 2017, dois fiascos entre os eleitores.

Cruzada contra voto útil à esquerda

Nos últimos dias de campanha, Hidalgo se desdobra em entrevistas e comícios para evitar que os eleitores de esquerda optem pelo voto útil e deem sua confiança ao insubmisso Mélenchon, único candidato que poderia representar essa parte do espectro político no segundo turno. Foi este voto útil que fez Hamon derreter no primeiro turno em 2017.

Em entrevista ao canal de rádio e televisão Franceinfo nesta terça, a socialista partiu para o ataque: "Emmanuel Macron não é mais uma opção para as pessoas da esquerda e Jean-Luc Mélenchon, é um beco sem saída".

Hidalgo tenta convencer os franceses de que sua candidatura seria a única a representar a esquerda republicana, laica e ecológica, usando como bandeira as mudanças feitas à frente de Paris, como a implantação de mais de 50 quilômetros de ciclovias desde a pandemia.

O discurso, no entanto, é ouvido por boa parte da França com deboche. Nas ruas fora do capital, onde o carro é muitas vezes o único meio de transporte existente, eleitores de esquerda e de direita cantarolam um refrão: "Anne Hidalgo, ela não gosta de você se você não tiver uma bicicleta".

Hidalgo não conseguiu agregar apoios importantes, como o de Bertrand Delanoë, prefeito de Paris entre 2001 e 2014, que anunciou que dará seu voto a Macron. 

Dentro do partido, o maior receio é que o fracasso de Hidalgo afete o resultado das eleições legislativas, em junho. Hoje, o grupo liderado pelos socialistas tem apenas 28 das 577 cadeiras da Assembleia Nacional.

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