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Geada e recorde de frio, -9,3°C em plena primavera, castigam agricultores da França

A França registrou na madrugada desta segunda-feira (4) a temperatura mais baixa para um mês de abril desde 1947. Uma geada intensa atingiu plantações em diversas regiões francesas, prejudicando agricultores pelo segundo ano consecutivo. 

Regiões como Champagne, no norte da França, registraram temperaturas negativas (-9°C) na madrugada desta segunda-feira (4).
Regiões como Champagne, no norte da França, registraram temperaturas negativas (-9°C) na madrugada desta segunda-feira (4). AP - Thibault Camus
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Os termômetros da cidade de Mourmelon, no departamento do Marne, nordeste da França, marcaram -9,3°C nesta madrugada. Tal intensidade de frio, em plena primavera no hemisfério Norte, não era registrado há 75 anos. "A geada atingiu mais de 90% do país", afirma o especialista Patrick Galois, da agência meteorológica Météo France.

Durante a manhã, as temperaturas subiram um pouco, mas o frio persiste em todo o território nesta segunda. A neve registrada na semana passada, aliada a geada que caiu nas últimas horas, devem representar perdas graves às plantações. 

"É muito grave, o frio chegou com força total durante a noite e muitos agricultores foram atingidos", diz Christiane Lambert, presidente do FNSEA, um dos maiores sindicatos agrícolas da França. "Ainda é cedo para fazer um balanço dos estragos da geada. Conheceremos os prejuízos em alguns dias", indicou o Ministério da Agricultura da França.

Na regiões sudoeste, leste e central, as plantações de frutas foram as mais prejudicadas. No entanto, ao que parece, os vinhedos locais, que estão em um estágio ainda pouco desenvolvido, parecem ter sido poupados.

Luta contra o frio

Alguns agricultores franceses travavam uma luta contra a neve e a geada desde a última sexta-feira (1°). Nos campos, eles passaram a noite tentando evitar que as plantações congelem, recorrendo a estufas, velas ou ventilando a vegetação. 

Em Tarn-et-Garonne, no sudoeste, Damien Garrigues supervisionou o sistema de irrigação em seus 60 hectares de árvores de maçã durante toda a madrugada. O objetivo era criar uma fina camada de gelo e, assim, proteger a germinação de uma queda brutal de temperatura. 

"Por enquanto, a situação não é pior do que a do ano passado", comemora. Em abril de 2021, ele perdeu 20% de sua produção, apesar das 13 noites que passou em claro tentando proteger sua plantação.  

Nas vinhas de Éric Chadourne, perto de Bergerac, no sudoeste, os agricultores torcem para conseguir reduzir seus prejuízos. "Mas todas as florações precoces de Merlot, variedades de uvas brancas, e Malbec, congelaram", afirma o viticultor, esperando que as perdas não sejam tão significativas como no ano passado, já que algumas plantas ainda não brotaram.

No departamento do Drôme, no sudeste, cultivadores de damasco acenderam velas para aquecer os arbustos. No ano passado, agricultores do local chegaram a registrar perdas de 50% de sua produção. Na mesma região, em 2021, a fabricação de vinho caiu em 19%. O recorde na baixa da produção de um dos símbolos da França ocorreu na Borgonha, que registrou um recuo de 32,5% no ano passado.

Mudanças climáticas

Para os cientistas não há dúvidas que o fenômeno é resultado das mudanças climáticas. Segundo especialistas, a probabilidade de episódios de frio intenso durante a primavera no Hemisfério Norte aumentou 61%. 

A agência Météo France adverte que a onda de frio inabitual ainda não terminou. Novos recordes de temperatura e mais geada podem ser registrados na madrugada de terça-feira (5).

O primeiro-ministro francês, Jean Castex, anunciou no domingo (3) a abertura de um mecanismo de urgência para ajudar os departamentos mais atingidos pela geada. 

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