Acessar o conteúdo principal

Ameaçada por rival na extrema direita, Marine Le Pen encontra líderes nacionalistas europeus

A candidata às eleições presidenciais francesas de 2022 Marine Le Pen, líder do tradicional partido de extrema direita Reunião Nacional, realiza uma turnê internacional para marcar território entre os líderes nacionalistas europeus. Pela primeira vez, ela deve enfrentar um concorrente de peso dentro do próprio campo da extrema direita, o polêmico jornalista Eric Zemmour, em ascensão nas pesquisas de intenções de voto na França.

Marine Le Pen lançou sua campanha para as eleições presidenciais francesas em 12 de setembro de 2021.
Marine Le Pen lançou sua campanha para as eleições presidenciais francesas em 12 de setembro de 2021. AP - Daniel Cole
Publicidade

Depois de se reunir na sexta-feira (22) com o primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, em Bruxelas, Le Pen parte para Budapeste para ser recebida pelo premiê ultraconservador Viktor Orban, na terça-feira (26). Ambos concederão, juntos, uma coletiva de imprensa.

“Ser recebida por um chefe de Estado em exercício é um sinal de respeitabilidade para ela”, disse à AFP o cientista político Jean-Yves Camus, especialista em partidos e movimentos de extrema direita.

Há cerca de um mês, Orban também recepcionou Zemmour, que ainda não oficializou a sua candidatura, mas encontra-se tecnicamente empatado com Le Pen nas sondagens para as eleições francesas, com cerca de 17%. Na sua viagem à Hungria, entretanto, o jornalista teve de se contentar com uma reunião privada com o premiê, à margem de um encontro de direita conservadora que ocorreu no país em setembro.

Agrado à ala radical do partido

Ao ser vista lado a lado com Orban, que exprime posições inflexíveis sobre a imigração e as pessoas LGBT+, a política acena para a ala radical de seus eleitores. Esses militantes, insatisfeitos com o tom mais moderado que o partido de Le Pen adotou nos últimos anos e o rompimento com o fundador da sigla, Jean-Marie Le Pen, pai de Marine, estão suscetíveis a mudar o voto no próximo pleito.

“Marine Le Pen quer lembrar que ela existe”, resumiu o historiador Nicolas Lebourg. “Ela precisa ‘bombar’ de novo a sua própria imagem, dizer para esse eleitorado tentado por Zemmour que, se a questão é autoritarismo, ela também tem algumas credenciais”, complementa o coautor de “As direitas extremas na Europa”, escrito com Camus.  

Ciente do potencial da sua candidatura, Zemmour não tem perdido a oportunidade de alfinetar a líder histórica da extrema direita francesa. Em uma entrevista neste domingo, ele disse que ela “não tem a menor chance de se eleger”, portanto “votar nela não serve para nada”.

Aliança soberanista europeia

Marine Le Pen e Viktor compartilham concepções da União Europeia. Ela defende "uma Europa das nações" e da cooperação e desistiu, em 2017, da ideia de a França abandonar a UE (“Frexit”) e o euro, enquanto que ele, apesar dos conflitos regulares com Bruxelas e sobre o Estado de direito, exclui uma saída do bloco.

Outro ponto em comum é o combate à imigração. Marine Le Pen apresentou recentemente um projeto de referendo sobre este assunto, na mesma linha que defende Viktor Orban, forte opositor ao acolhimento de refugiados muçulmanos, em nome da "identidade cultural da Europa".

Porém, por muito tempo, Viktor Orban não quis aparecer com a líder da extrema direita francesa. "Sua posição mudou consideravelmente desde que seu partido, o Fidesz, deixou o grupo do PPE (de direita) no Parlamento Europeu" em março de 2021 e se encontra mais isolado, explica Eszter Petronella Soos, cientista política húngara especializada na França. O francês Reunião Nacional faz parte do grupo europeu Identidade e Democracia, mas desde o rompimento do Fidesz com o PPE, “Orban está mais aberto e tenta construir uma nova aliança à direita da direita”, sublinha.

Segundo Marine Le Pen, este encontro em Budapeste foi acertado após a publicação, em julho, de uma "declaração conjunta" entre a candidata do RN e cerca de 15 aliados europeus, incluindo Orban, com vistas a uma aliança no Parlamento Europeu para "reformar a Europa".

Se este grande grupo soberanista nascer, “a ideia é que possa seguir o grupo do PPE para que o equilíbrio de poder entre as duas direitas, a clássica e a nacionalista-populista, seja o mais favorável aos nacionalistas”, observa Jean-Yves Camus.

Entretanto, Lebourg ressalta que "seria surpreendente que as coisas avançassem rapidamente” em favor de um grupo comum entre o RN e ao Fidesz, já que existem grandes diferenças entre os dois partidos sobre a economia e nas questões sociais.

Com informações da AFP

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.