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Ômicron perturba campanha presidencial francesa, mas pode ser luz no fim do túnel da pandemia

A forte propagação da variante ômicron do coronavírus já perturba os comícios de campanha dos candidatos às eleições presidenciais de abril na França. O tema, manchete dos principais jornais do país nesta terça-feira (4), é uma preocupação em todos os partidos, que procuram se adaptar para evitar uma paralisia nos debates, enquanto a quinta onda epidêmica assusta pelo explosivo número de contaminações desde dezembro. 

O primeiro-ministro Jean Castex e o ministro da Saúde, Olivier Véran, ocupam a cena política devido ao forte surto epidêmico da variante ômicron no território francês.
O primeiro-ministro Jean Castex e o ministro da Saúde, Olivier Véran, ocupam a cena política devido ao forte surto epidêmico da variante ômicron no território francês. AFP - STEPHANE DE SAKUTIN
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Em sete dias, a França registra média diária de 166 mil contaminações, com duas variantes do coronavírus em circulação: delta e ômicron. 

Segundo o diário conservador Le Figaro, os candidatos ao Palácio do Eliseu estão adiando os grandes comícios em presença de público e darão preferência a visitas curtas às regiões. Neste mês de janeiro, enquanto esperam a tempestade da ômicron passar, os concorrentes se concentram em entrevistas de rádio, TV e lives nas redes sociais. 

A candidata de extrema direita Marine Le Pen, que tinha um grande comício previsto para 15 de janeiro em Reims, na região de Champagne, adiou o encontro em três semanas, para 5 de fevereiro. A gestão da crise na saúde ocupa os membros do governo 24h, todos os dias da semana. 

Le Figaro se interroga se a pandemia irá ocupar todo o espaço político e na mídia, prejudicando a emergência de outros temas importantes para o futuro do país. Considerando essa hipótese provável, já que as consequências da Covid-19 no dia a dia se tornaram a principal preocupação dos franceses, com reflexos no trabalho, na escola, nos relacionamentos sociais e na vida familiar, a oposição não terá o que fazer a não ser reagir às decisões do Executivo, que leva vantagem nesse cenário. Os eleitores, por outro lado, perderão a oportunidade que só se apresenta a cada cinco anos de descobrir alternativas de programas de governo, lamenta o jornal. 

Les Echos compartilha a mesma preocupação e informa que a candidata da direita, Valérie Pécresse, promete ser exemplar na organização de seus comícios, enquanto o partido presidencial, A República em Marcha (LREM), pretende limitar o acesso de participantes e exigir passaporte sanitário, mesmo se a medida não é uma obrigação legal. A Constituição francesa garante o livre acesso às atividades eleitorais.

À esquerda, a socialista Anne Hidalgo promete cumprir as recomendações do governo de prevenção da Covid-19, enquanto o ecologista Yannick Jadot dará preferência a comícios menores e ao ar livre, informa o jornal econômico. Por sua vez, Marine Le Pen, o outsider Eric Zemmour – considerado o Bolsonaro francês – e Jean-Luc Mélenchon, da esquerda radical, dizem que zelarão pelos cuidados preventivos dos militantes durante a campanha.

Motivos para preservar o otimismo

Nesse contexto de incertezas, o jornal Le Parisien afirma em manchete que há razões para se permanecer otimista diante da ômicron. Ao mesmo tempo em que a variante é extremamente transmissível, ela leva menos pacientes à UTI. Nas ondas epidêmicas anteriores, um em cada cinco infectados ocupava um leito de reanimação. Essa proporção passou de 1 para 15 no caso da ômicron. 

Nas páginas de Le Parisien, Bruno Mégarbane, professor que dirige a UTI do hospital Lariboisière, em Paris, confirma que não há pacientes da ômicron em cuidados intensivos na unidade que comanda. Todos as pessoas internadas com Covid-19 e dependentes de respiração mecânica nesse grande hospital parisiense são infectados pela variante delta e não vacinados.

Outro motivo de otimismo vem do Reino Unido e da África do Sul, dois países que enfrentam há mais tempo do que a França uma forte onda epidêmica da ômicron, mas têm conseguido evitar o caos.

Como explicou o ministro da Saúde francês, Olivier Verán, é provável que o grande número de contaminados por essa nova cepa, associado à alta taxa de vacinação, produza uma espécie de imunidade coletiva na população e o coronavírus se torne menos agressivo, entrando para a categoria das gripes comuns. Esse otimismo não é compartilhado por alguns virologistas, que consideram muito cedo para evocar esse cenário. 

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