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Após crise dos submarinos, Washington entra em concorrência com Paris por contrato com a Grécia

Atenas confirmou neste sábado (11) que comprará três fragratas da França, selando um possível novo confronto diplomático entre Paris e Washington após a crise desencadeada por um contrato de submarinos com a Austrália. O Ministério da Defesa francês também afirmou que o acordo para a venda de embarcações à Grécia já havia sido assinado, após Estados Unidos dar sinal verde para a venda de embarcações para a Marinha grega. 

Images ilustrativas da esquadra francesa prevista para o fim de 2030, com fragatas que devem ser vendidas a Grécia.
Images ilustrativas da esquadra francesa prevista para o fim de 2030, com fragatas que devem ser vendidas a Grécia. © Rama, CC BY-SA 3.0/wikipedia
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 "O acordo greco-francês está em vigor e será mantido. Foi feito no mais alto nível possível. O próprio primeiro-ministro grego o anunciou", afirmou uma fonte do ministério grego da Defesa à AFP, após declarações parecidas do ministério francês.

Menos de três meses após o acordo concluído entre os Estados Unidos, a Austrália e o Reino Unido, que afundou um importante contrato de venda submarinos franceses para a Marinha australiana, provocando uma crise diplomática sem precedentes entre Washington e Paris, a administração de Joe Biden parecia tentar novamente tirar da França um lucrativo contrato de defesa. 

O governo americano deu o sinal verde, na sexta-feira (10), a uma possível venda de quatro embarcações para a Grécia, entrando em concorrência com Paris, que concluiu um acordo preliminar sobre a venta das embarcações à Marinha grega.

Washington também aprovou a modernização de fragatas gregas da classe MEKO, por um montante avaliado em US$2,5 bilhões (R$ 14,3 bilhões). O comunicado precisa que o contrato, nos dois casos, “será acordado ao vencedor da licitação internacional” sobre a modernização da Marinha grega.

Mas o ministério da Defesa francês afirmou neste sábado (11) que o acordo para a venda de três fragatas fracesas à Grécia “acaba de ser assinado”.  

“Desde que estamos em discussão com os gregos, a oferta americana não está mais sobre a mesa (...) Nós assinamos o contrato com os gregos. Ele foi rubricado há alguns dias”, declarou o ministério à AFP. Informações confirmadas por Atenas posteiormente. 

Acordo celebrado

O presidente francês Emmanuel Macron e o primeiro-ministro grego Kyriakos Mitsotakis assinaram, em setembro, um acordo para o fornecimento de três barcos de defesa e de intervenção por aproximadamente €3 bilhões (R$ 19 bilhões). Mas o departamento de Estado americano anunciou em um comunicado ter pré-aprovado um projeto de venda a Atenas de quatro fragatas de combate e equipamento a um valor de US$ 6,9 bilhões (R$38,73 bilhões).

De acordo com o acordo franco-grego anunciado com pompa e circunstância em 28 de setembro, em Paris, três fragatas de defesa e de intervenção (batizadas Belharra) devem ser construídas na França pelo Naval Group, em Lorient (noroeste), para serem entregues à Marinha grega em 2025 e 2026.

O acordo prévio trata também de uma quarta fragata em opção. O contrato deve ser assinado “até o fim do ano”, precisou na época o ministério francês de Defesa.

Além dos navios, o pacote compreende que o fabricante forneça mísseis antiaéreos Aster, antinavios Exocet, torpedos e prestações de apoio durante três anos.

Crise dos submarinos 

Em setembro, os Estados Unidos anunciaram uma parceria de segurança na zona indo-pacífica com a Austrália e o Reino Unido, compreendendo a entrega de submarinos nucleares a Camberra. A Austrália rompeu, então, um gigantesco contrato assinado com a França para a compra de submarinos convencionais, provocando a indignação de Paris.

O ministro francês de Assuntos Exteriores Jean Yves Le Drian chegou a denunciar um “golpe pelas costas”, comparando o método Joe Biden ao de Donald Trump.

A França convocou seus embaixadores nos Estados Unidos e na Austrália. Biden admitiu que os Estados poderiam ter comunicado melhor com o aliado europeu e evitado a crise diplomática.

Em outubro, em Roma, Biden tentou virar a página da crise dos submarinos durante um encontro de reconciliação com o presidente francês. Os dois chefes de Estado anunciaram, então, a intenção conjunta de lançar “um diálogo estratégico em matéria de comércio militar”, principalmente sobre autorizações de exportações.

(Com informações da AFP)

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