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Protagonistas 'brancos' dominam 81% dos filmes do cinema francês, diz estudo

Personagens percebidos como "não brancos" são minoria nos filmes franceses, e mais frequentemente confinados aos papéis de delinquentes, além de terem maior chance de morrer na tela grande, de acordo com um estudo realizados por pesquisadores do coletivo 50/50 divulgado nesta segunda-feira (6) na França, uma rara e significativa contribuição para quantificar o fenômeno.

Cinema 5 Caumartin, Paris, 22 de junho de 2020.
Cinema 5 Caumartin, Paris, 22 de junho de 2020. © Captura de tela, Carrossel das Artes
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De acordo com este estudo realizado por acadêmicos em uma centena de filmes franceses, 81% tinham um personagem principal "percebido como branco", 7,5% um personagem principal "percebido como árabe", 7,2% "percebido como negro" e apenas 1,5% " percebido como asiático".

Os filmes analisados ​​são os 115 longas-metragens franceses de grande orçamento ou com o maior sucesso nas telas em 2019 - o desequilíbrio é, porém, um pouco menos acentuado do que na televisão, sublinharam os responsáveis ​​pelo estudo, batizado como Cinégalités (Cinegualdades, numa contração da palavra cinema com [des]igualdades).

A diferença também é marcada ao se levar em conta o gênero: um personagem principal em cada dois - 50% - é "um homem percebido como branco", contra apenas 6% dos personagens principais que são "mulheres percebidas como não brancas".

Três vezes mais probabilidade de interpretar um criminoso

Os pesquisadores analisaram os papéis atribuídos a personagens não brancos: eles têm três vezes mais probabilidade de interpretar um criminoso ou um delinquente.

Já os personagens "percebidos como muçulmanos" têm seis vezes mais chances de desempenhar esses papéis. “As porcentagens da marginalidade no cinema francês são antes de mais nada estrangeiras”, analisa Maxime Cervulle da universidade de Paris VIII, co-dirigente do estudo.

Personagens árabes têm duas vezes mais chances de morrer na tela: um em cada dez morre durante o filme, contra um em cada vinte para todos os outros personagens.

Classes sociais

O estudo também permite mostrar como as classes sociais são representadas (um em cada dois personagens do cinema é um executivo, enquanto eles representam na verdade apenas um em cada cinco franceses); ou os deficientes (18% da população francesa possui deficiência, mas apenas 2,9% dos personagens de filmes o encarnam nas telonas).

O estudo francês, cujos primeiros resultados foram divulgados esta segunda-feira no encontro do coletivo 50/50 que impulsiona as questões da diversidade no cinema, "dá muita esperança, porque poderemos ter uma base para formar o poder público", sublinhou Laurence Lascary, um dos copresidentes da associação.

Por "tudo o que diz respeito à diversidade étnico-racial, ficamos presos em um buraco negro de um certo 'achismo', da intuição, (...) porque antes não havia números", acrescentou.

Com informações da AFP

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