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Criticado, intelectual africano Achille Mbembe dirige 'cúpula da juventude' África-França com Macron

Centenas de jovens da sociedade civil africana se reuniram com o presidente francês Emmanuel Macron na cidade de Montpellier, no sul do país, em uma cúpula África-França sem precedentes que visa "reconstruir" a relação do país com o continente. Nenhum chefe de Estado africano foi convidado para o evento, o que irritou parte da sociedade. O painel foi selecionado após meses de diálogo em todo o continente africano pelo intelectual camaronês Achille Mbembe, especialista do pós-colonialismo.

O presidente francês Emmanuel Macron posa para uma selfie enquanto participa de um jogo de basquete durante a Cúpula África-França em Montpellier, em 8 de outubro de 2021.
O presidente francês Emmanuel Macron posa para uma selfie enquanto participa de um jogo de basquete durante a Cúpula África-França em Montpellier, em 8 de outubro de 2021. AFP - LUDOVIC MARIN
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A cúpula desta sexta-feira (8) ocorre em um momento em que a influência da França sobre suas ex-colônias é cada vez mais contestada - especialmente pela Rússia - e enquanto Paris está em crise aberta com o Mali e a Argélia.

Pela primeira vez desde 1973, quando começaram os encontros França-África, nenhum líder africano esteve presente.

A presidência francesa afirma que este novo formato permitirá "ouvir a voz da juventude africana" e "afastar-se de fórmulas e redes obsoletas".

Em outras palavras, "romper com as práticas opacas e redes de influência entre a França e suas antigas colônias.

Jovens empresários, artistas e atletas do continente se encontraram com seus pares franceses e da diáspora para discutir questões econômicas, políticas e culturais.

Um painel de 12 jovens africanos do Mali, Costa do Marfim, Tunísia, África do Sul e Quênia se reuniu com Macron à tarde. O painel foi selecionado após meses de diálogo em toda a África pelo intelectual camaronês Achille Mbembe, que orquestrou o encontro de Montpellier.

Sem contato com a África

Em um relatório entregue ao presidente francês na terça-feira, Mbembe disse que a França está muito desligada de "novos movimentos e experiências políticas e culturais" realizadas pela juventude africana.

Ele também destacou que, de todos os conflitos, "nenhum é tão corrosivo quanto o alegado apoio da França à tirania no continente". O exemplo recente do Chade vem à mente, quando o presidente francês deu seu apoio à junta militar criada pelo filho do presidente Idriss Déby, após o assassinato de seu pai.

O gabinete de Macron insistiu para que a intervenção militar francesa, a soberania, a governança, a democracia e "os assuntos que irritam as pessoas" fossem abordados.

Em declarações à rádio France Inter na quinta-feira, Mbembe sublinhou que a "África é afetada por duas forças: as da inovação e as forças da morte. A principal questão que os jovens farão a Macron é: de que lado você está?" .

Críticos denunciam 'ilusão' de ouvir a África

Enquanto isso, Mbembe, um especialista em pós-colonialismo, foi fortemente criticado por alguns de seus pares africanos por concordar em pilotar a conferência.

Em artigo publicado no site senegalactu.info, o escritor senegalês Boubacar Boris Diop denunciou o acontecimento como "um falso chute no formigueiro".

“O encontro cara a cara entre Macron e a sociedade civil africana teria sido muito mais crível, ou mesmo frutífero, se pelo menos houvesse sinais concretos de seu desejo de mudança”, escreveu ele.

Os intelectuais do coletivo pan-africano Cora criticaram uma sociedade civil adaptada às necessidades da França. Eles afirmam que a França está apenas "ouvindo o povo africano e seus intelectuais" para dar a ilusão de uma África que se sobressai, ao lado dos franceses.

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