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Macron pede perdão aos "harkis", combatentes argelinos que lutaram pela França

Durante uma recepção no palácio do Eliseu, o presidente francês, Emmanuel Macron, pediu perdão para os harkis em nome da França. Ele também anunciou um projeto de lei de "reconhecimento e reparação" dos combatentes recrutados como auxiliares das forças francesas durante a guerra da Argélia, entre a França e os nacionalistas argelinos, de 1954 a 1962.

Salah Abdelkrim, ferido no combate durante a guerra da Argélia, recebeu a legião de honra do presidente Emmanuel Macron,
Salah Abdelkrim, ferido no combate durante a guerra da Argélia, recebeu a legião de honra do presidente Emmanuel Macron, AFP - GONZALO FUENTES
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A recepção aconteceu cinco dias antes da homenagem nacional aos harkis, que desde 2003 ocorre em 25 de setembro. Durante a cerimônia, Macron condecorou um combatente que se feriu durante a guerra, a filha de um harki, militante da igualdade de oportunidades e diversidade e um oficial francês que organizou o repatriamento de centenas de harkis.

Em 2016, o então presidente francês, François Hollande, reconheceu a responsabilidade do governo francês ao abandonar os harkis, hostilizados na Argélia, à sua própria sorte. Nesta segunda-feira (20), Macron foi mais longe, pedindo "perdão."

"Aos combatentes, todo o meu reconhecimento. Nós não os esqueceremos. Peço perdão, nós não nos esqueceremos", declarou o presidente francês durante uma cerimônia em homenagem aos harkis, que teve a participação de cerca de 300 representantes dessa comunidade, estimada em 800 mil pessoas na França. O chefe de Estado francês prometeu apresentar, antes do final do ano, um projeto de lei sobre a questão. Uma comissão nacional deve ser criada para elaborar o texto.

A lei deve ser votada antes de fevereiro de 2022. Os parlamentares franceses farão uma estimativa das indenizações que serão pagas às famílias - muitas ainda vivem na precariedade. O presidente francês ainda não avaliou o montante global da ajuda financeira, que se somará aos € 40 milhões desbloqueados em 2018 pela secretária de Estado para as Forças Armadas, Geneviève Darrieussecq.

Campos de "trânsito"

Cerca de 200 mil argelinos lutaram no conflito que opôs os nacionalistas argelinos à França. No fim da guerra, a maioria deles, abandonados por Paris, foram vítimas de represálias na Argélia. Outras dezenas de milhares, acompanhados de mulheres e crianças, foram transferidos para a França de instalados nos chamados "campos de trânsito" em condições precárias e traumatizantes.

A maneira como a França pretende reparar os combatentes ainda será definida. Será beneficiada a primeira geração de harkis e, em seguida, suas viúvas e descendentes que viveram no campo em condições precárias. "A honra des harkis deve ser gravada na memória nacional", disse Macron. "As feridas devem ser fechadas pela verdade, gestos de memória e atos de justiça."

(Com informações da AFP)

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