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Pesquisa sobre spray nasal francês contra Covid-19 é destaque na revista Nature

A equipe do pesquisador francês Philippe Karoyan, do Laboratório de Biomoléculas da Sorbonne e do instituto de pesquisas francês CNRS, identificou três peptídeos que barram a passagem do SARS-Cov-2 para as células pulmonares, e podem ser usadas em forma de spray biomolecular ou comprimidos.

O spray nasal é uma alternativa terapêutica na batalha contra o coronavírus
O spray nasal é uma alternativa terapêutica na batalha contra o coronavírus REUTERS - ERIC GAILLARD
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A descoberta, que pode se tornar uma arma poderosa na luta contra a disseminação do novo coronavírus, foi publicada nesta sexta-feira (12) na renomada revista científica Nature. Philippe Karoyan e o grupo de pesquisadores franceses fabricaram em laboratório 25 peptídeos terapêuticos capazes de “enganar” o SARS-Cov-2, a partir de áreas de contato entre a proteína viral, a Spike, e o receptor humano. Três deles são extremamente eficazes.

Na perspectiva de comercialização do produto, o pesquisador francês criou uma start-up para viabilizar financeiramente as próximas fases do protocolo científico, que incluem os testes in-vivo com camundongos e, posteriormente, humanos. O objetivo é desenvolver um produto que possa ser aplicado em situações de risco, como uma saída a um restaurante ou um encontro de família. Caso as etapas de pesquisa sejam cumpridas com sucesso, o spray será uma arma simples, eficaz e sem riscos para prevenir a infecção pelo SARS-Cov-2 – inclusive em crianças, que ainda não dispõem a curto prazo de uma vacina.

Sua produção e comercialização, em seguida, dependerá da disponibilidade das indústrias farmacêuticas. Mas, neste momento, toda a estrutura está mobilizada para as vacinas, o que poderia atrasar a chegada do spray ao mercado. “É louvável”, diz o cientista francês. “Mas as vacinas não são a única solução. É impossível produzir vacinas para todo mundo e imunizar o mundo todo”, avalia.

“Na minha opinião, a estratégia Pfizer e Moderna é fantástica, mas o planeta inteiro não conseguirá desenvolver a estrutura necessária para conservar as vacinas a - 80 º C”, diz. “Na minha opinião, temos que testar todos os tipos de estratégia para combater esse vírus e ajudar a vacinação. Se queremos vencer a batalha contra esse vírus não podemos negligenciar nenhuma iniciativa ”, defende.

A execução da chamada fase in-vivo, que deve demorar um mês, ainda depende de financiamento e tem a parceria da ANSES (Agência Nacional de Segurança Sanitária). “Vamos fornecer os peptídeos e ele será testado, mas isso representa um custo para nossa estrutura”, explica. “Criamos uma start-up para o projeto, mas não podemos arcar pessoalmente com os custos”, diz.

“Precisamos de doadores para tocar o projeto, que está pronto desde setembro. Nosso objetivo então é fazer os testes com camundongos o mais rápido possível. Também estamos discutindo com o hospital Pitié Salpetrière, onde eu trabalho, para realizar os testes clínicos com humanos no estabelecimento”, contou o pesquisador à RFI Brasil.

Na opinião do pesquisador, a epidemia de SARS-Cov-2, assim como a da gripe, se tornará sazonal. “Acho que teremos ciclos e deveremos estar prontos para, todos os anos, desenvolver uma vacina e ter um arsenal terapêutico para combater essas infecções virais, que serão sazonais”, destaca. “Tudo leva a crer que todos os anos teremos uma pandemia de coronavírus”, observa.

Uso nas escolas

Na falta de uma vacina a curto prazo para crianças, o spray também pode ser uma boa solução para auxiliar na reabertura das escolas, diz Philippe Karoyan. “Da maneira como o peptídeo é construído, um aminoácido que se degrada naturalmente no organismo, não há nenhuma contraindicação”, diz o cientista. “É uma solução muito simples.”

Em sua opinião, serão necessários, de maneira geral, produtos tecnologicamente mais fáceis de produzir para enfrentar as ondas epidêmicas. Isso também é fundamental no caso das crianças, relativamente poupadas pela cepa original do novo coronavírus, mas que agora estão mais expostas às novas variantes, lembra o pesquisador. “Na Inglaterra, o número de jovens hospitalizados nas UTIS é cada vez maior. As novas variantes, principalmente a sul-africana, se revelam muito mais agressivas e virulentas que a cepa de 2020”.

 

 

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