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Covid-19: hospital francês testa nova molécula contra casos graves

Um grupo de pacientes contaminados pelo coronavírus, internados na UTI (unidade de terapia intensiva) do hospital universitário de Nancy, no leste da França, testou uma nova molécula que traz esperança no controle da inflamação que agrava a doença.   

Paciente é tratada em UTI do hospital de Melun, na região parisiense
Paciente é tratada em UTI do hospital de Melun, na região parisiense REUTERS - BENOIT TESSIER
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A nova molécula se chama nangibotida e é desenvolvida pelo pesquisador Sébastien Gibot, chefe do setor de reanimação do hospital, que criou, com esse objetivo, a empresa de biotecnologia Inotrem. O futuro tratamento visa controlar a produção excessiva da proteína TREM 1 e restaurar a resposta inflamatória desproporcional que ocorre em alguns pacientes contaminados pelo SARS-Cov-2.

Essa reação provoca um desequilíbrio no sistema autoimune, potencialmente fatal, e impedi-la é essencial para evitar casos mais graves e, no caso dos sobreviventes, as sequelas de uma intubação. Uma delas, lembra Gibot, é a fibrose pulmonar, que torna os alvéolos pulmonares mais espessos.

A nangibotida é uma molécula que inicialmente foi criada para controlar o choque séptico, que provoca uma falha mortal no sistema circulatório, muitas vezes causada por um vírus ou bactéria. Quando os primeiros casos de Covid-19 começaram a surgir no hospital, Gibot e os pequisadores da Inotrem detectaram pontos em comum entre o choque séptico e a inflamação provocada pelo vírus. "A única coisa diferente é o agente que desencadeia os sintomas", avalia o especialista.

Fase 2

Para desenvolver o novo tratamento, a equipe de Inotrem investiu cerca de € 1 milhão antes de obter financiamento público e lançar um teste clínico para verificar a inocuidade e a eficácia do tratamento. O estudo está na fase 2 e foi realizado em 60 pessoas, em seis centros hospitalares, inclusive nos Estados Unidos. No hospital de Nancy, 17 pacientes participaram dos testes, que incluíram o uso da molécula e de um placebo.

Os resultados estão sendo analisados na sede de Inotrem, a alguns quilômetros do hospital, no campus da Faculdade de Medicina. "Ainda não sabemos porque há produção excessiva do TREM 1 na fase grave da Covid", diz o biologista Marc Dérive, um dos três co-fundodres da empresa. No caso da Covid-19, a reação orgânica é ainda mais complexa do que no choque séptico, e é necessário dosar a quantidade de proteína na fase inicial de agravamento da doença.

Para isso, os pesquisadores estão desenvolvendo um teste de diagnóstico com o laboratório suíço Roche, e já prevêem a realização da fase 3 das pesquisas, antes de uma potencial comercialização para utilização da molécula no choque séptico. No caso da Covid-19, se os resultados do testes clínicos forem positivos, a empresa poderia iniciar um outro estudo com mais pacientes, e obter uma autorização temporária de utilização.

 

 

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