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Imprensa francesa analisa riscos associados à variante brasileira do coronavírus

A propagação das variantes brasileira, inglesa e sul-africana do novo coronavírus são longamente comentadas pela imprensa francesa nesta quinta-feira (14). O jornal Libération tenta responder a uma questão levantada pelo epidemiologista Arnaud Fontanet, do Instituto Pasteur: "As variantes mais contagiosas do coronavírus estão se tornando uma epidemia dentro da pandemia?

Os jornais Le Parisien e Libération destacam em suas edições de 14 de janeiro de 2021 a vacinação contra a Covid-19 e o surgimento de variantes do coronavírus encontradas em cerca de 50 países.
Os jornais Le Parisien e Libération destacam em suas edições de 14 de janeiro de 2021 a vacinação contra a Covid-19 e o surgimento de variantes do coronavírus encontradas em cerca de 50 países. © Fotomontagem RFI/Adriana de Freitas
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Na França, a maior preocupação das autoridades sanitárias é evitar o alastramento da variante britânica "B.1.1.7", temida por sua alta contagiosidade.

Essa cepa provoca um número maior de infecções entre os menores de 20 anos, o que pode comprometer o funcionamento das escolas e colocar os professores em situação de  risco. Estudos científicos feitos em todo o mundo mostram que a maioria das crianças e adolescentes conseguem se livrar do SARS-CoV-2 sem sequelas, mas o risco cresce com a idade do infectado e a presença de comorbidades.

No caso da variante sul-africana "B.1.351", ela já representa 60% à 75% dos casos positivos diagnosticados na África do Sul. Esta cepa também carrega a mutação "N501Y", responsável pela alta transmissibilidade da variante inglesa, mas é outra mutação, a "E484K", que cristaliza o medo dos cientistas.

Um estudo recém-publicado por pesquisadores de Seattle sugere que os anticorpos desenvolvidos para combater a infecção são dez vezes menos sensíveis aos vírus portadores dessa porção "E484K" (que também afeta uma parte da proteína do vírus conhecida "Spike", responsável pela entrada do vírus nas células humanas).

Atualmente, os cientistas não sabem dizer se pessoas que já tiveram a Covid-19 podem ser contaminadas por essa nova cepa e se ela seria resistente à vacina. O temor é ampliado pelo fato desta cepa estar substituindo rapidamente as que predominaram na primeira onda da epidemia na África do Sul. A França diagnosticou três casos dessa variante em seu território.

A variante brasileira que espalha medo no Japão, a "B.1.1.28", introduzida no país por quatro viajantes que estiveram na Amazônia, possui as duas temidas mutações – "N501Y" e "E484K". Ela é potencialmente tão nefasta quanto a sul-africana, destaca o Libération. Como a descoberta dessas cepas é recente ainda é cedo para saber se as defesas imunológicas são sensíveis a elas.

Resistência à vacinação diminui

O diário Le Parisien mostra que o medo provocado pelo aparecimento dessas novas variantes é tão grande que a resistência à vacinação está recuando na França. A cepa inglesa foi encontrada em 1% dos testes positivos realizados no país.

Pesquisas indicam que a tendência se inverteu. No início da campanha, apenas 40% dos franceses declaravam que iriam se vacinar; agora são cerca de 60%. As variantes do coronavírus detectadas no Brasil, na Inglaterra e na África do Sul, que podem prolongar as restrições de circulação, tiveram efeito sobre os indecisos.

Especialistas entrevistados pelo Le Parisien atribuem essa mudança a um desejo de retomar uma vida normal. Porém, nem todos compartilham do mesmo entusiasmo, destacando que falta convencer 40% a 45% de franceses reticentes à imunização contra a Covid-19.

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