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Futuro parque que reproduz floresta amazônica no norte da França revolta ONGs

O jornal francês Libération destaca nesta segunda-feira (28) uma obra que considera uma aberração: o projeto de construção do parque Tropicália, que reproduz a atmosfera da floresta amazônica, a 232 km de Paris, no norte da França. Essa estufa gigantesca de 20.000 metros quadrados, "um sonho de criança" do veterinário francês Cédric Guérin, é criticada por ecologistas em tempos de emergência climática. 

Projeto arquitetônico do parque Tropicália, concebido pelo escritório de arquitetura Coldefy & Associés Architectes Urbanistes - CAAU.
Projeto arquitetônico do parque Tropicália, concebido pelo escritório de arquitetura Coldefy & Associés Architectes Urbanistes - CAAU. © Facebook Coldefy
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Para recriar o ambiente de floresta tropical, e abrigar aves e espécies vegetais típicas da Amazônia, o recinto de 32 metros de altura teria de receber uma cobertura de plástico e ser aquecido artificialmente com temperaturas de 26°C a 28°C o ano inteiro. Na localidade onde os empreendedores planejam construir este parque – o vilarejo de Rang-du-Fliers, de 4.600 habitantes –, a temperatura média anual é de 11°C. 

O veterinário Cédric Guérin diz que seu objetivo é "transmitir uma paixão". "Estou convencido que, para compreender e proteger, é preciso se maravilhar. Quando se descobre que a borboleta mais bonita do mundo, a morfo azul, só deposita seus ovos em uma variedade de planta, isso sensibiliza contra o desmatamento", argumenta o francês. 

Mas o projeto provoca revolta entre ativistas. Cerca de 30 ONGs de defesa do meio ambiente, incluindo Greenpeace e Extinction Rebellion, criaram o coletivo "Não à Tropicália". O porta-voz do grupo, Jean-Michel Jedraszak, afirma que criar "um zoológico tropical no norte da França é tão aberrante quanto abrir uma pista de esqui no deserto da Arábia Saudita".

Os militantes denunciam um suposto desperdício de energia com o aquecimento artificial da estufa e criticam a necessidade de transportar continuamente, por via aérea, espécies animais e vegetais provenientes da América do Sul e da África.

Parte desses argumentos são contestados pelos defensores do projeto, que garantem que a estufa terá um balanço energético positivo, ou seja, o consumo de energia será menor do que a produção gerada no local pelo uso de uma tecnologia inovadora. 

Financiamento público

Outra questão que opõe ecologistas e políticos locais envolvidos na iniciativa é o custo da obra: a bagatela de € 72,2 milhões (cerca de R$ 448 milhões), incluindo € 12,4 milhões (R$ 77 milhões) de financiamento de organismos públicos. 

Segundo o Libération, o parque Tropicália atravessa um momento de incertezas devido à pandemia do coronavírus e aos diversos recursos judiciais apresentados por seus opositores no tribunal local.

Uma das ações ataca o estudo de impacto ambiental feito pelos empreendedores, que não levaria em conta os 500 mil visitantes anuais que chegariam ao parque pelas estradas da região. Já o prefeito do vilarejo onde ficará localizada a estufa é a favor do projeto e garante que dispõe de 2.500 vagas de estacionamento para receber seus visitantes.

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