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Professor assassinado receberá as mais altas condecorações da França

Samuel Paty, o professor francês decapitado por ter mostrado caricaturas de Maomé a seus alunos durante um curso sobre a liberdade de expressão, será condecorado e receberá um título póstumo por seu trabalho acadêmico. As honrarias serão atribuídas durante a homenagem nacional organizada pela presidência francesa, na presença de familiares da vítima, nesta quarta-feira (21), em Paris.

Em Paris, manifestante carrega foto do professor Samuel Paty, decapitado por um terrorista em Conflans-Saint-Honorine.
Em Paris, manifestante carrega foto do professor Samuel Paty, decapitado por um terrorista em Conflans-Saint-Honorine. REUTERS - PASCAL ROSSIGNOL
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Além da Medalha da Ordem Nacional da Legião de Honra, que recompensa méritos de militares e civis na França, Paty receberá o título póstumo de Comendador da Ordem das Palmas Acadêmicas, o mais alto galardão oferecido a funcionários do ensino médio e superior. A cerimônia, que será presidida pelo chefe de Estado francês, Emmanuel Macron, será realizada no pátio de honra da universidade Sorbonne, uma das mais antigas do mundo, fundada em 1257, durante a Idade Média.

O local escolhido para a homenagem ao professor, que tinha 47 anos e lecionava história, geografia e educação cívica, é muito simbólico. O presidente Macron recordou que a universidade parisiense representa "o espírito dos iluministas franceses e a educação".

A França é considerada, por muitos historiadores, como o país que liderou o Iluminismo no século XVIII na Europa. Esse movimento intelectual e filosófico defendeu a transmissão do conhecimento crítico para todas as áreas da atividade humana, a fim de superar o legado de tirania e superstições propagado na Idade Média. Entre os maiores iluministas franceses estão Voltaire, Diderot, Montesquieu e Rousseau.

“A Sorbonne encarna a importância do que acontece neste momento, isto é, o conhecimento, a transmissão do saber e de valores”, disse o ministro da Educação, Jean Michel Blanquer, em entrevista à rede de tevê francesa BFM. Para ele, a universidade escolhida “é emblemática do que Samuel Paty representa hoje”. Blanquer afirmou ainda que o “sofrimento” do professor “merecia o reconhecimento" do ministério, que concede a medalha da Ordem das Palmas Acadêmicas.

Homenagens e pedagogia

Questionado sobre a volta às aulas após as férias de outono na França, que começaram no sábado (17), dia seguinte do atentado e duram até 2 de novembro, o ministro comentou como seu gabinete concebe os preparativos. “É necessário mostrar desde o primeiro dia de aula que a força está do lado da República, que é uma força serena e que vai contra os assassinos”, afirmou Blanquer.

O ministro acrescentou que, além da homenagem nacional prestada na quarta-feira, um “momento educativo” e um minuto de silêncio serão realizados em todas as escolas francesas, em 2 de novembro. O Ministério da Educação vai propor um “trabalho pedagógico” em todos os estabelecimentos de ensino do país, “sem exceção”, em conjunto com organizações sindicais “unidas em torno da proteção dos professores”. 

Os franceses seguem prestando homenagens ao professor, que deixa um filho de 5 anos, Gabriel. Os deputados franceses fizeram um minuto de silêncio no plenário da Assembleia Nacional nesta terça-feira (20) e uma passeata silenciosa estava prevista no fim da tarde, saindo da porta do colégio onde Paty trabalhava, na cidade de Conflans Sainte Honorine, a cerca de 50 km de Paris. 

O autor do atentado, o asilado checheno Abdoulakh Anzorov, de apenas 18 anos, foi morto pela polícia minutos depois de seu ato bárbaro.

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