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Escândalo acadêmico: Sorbonne cancela diploma de advogado após constatar fraude

Uma tese de conclusão de curso com plágios abala a estrutura da faculdade de direito Paris I – Panthéon, da Sorbonne, uma das universidades de mais prestigio no mundo, revela uma reportagem publicada no site do jornal Le Monde desta segunda-feira (27). A instituição cancelou o diploma por fraude.

A Sorbonne, uma das universidades de mais prestigio no mundo, está no meio de um escândalo por causa de um diploma de direito cancelado após verificação de fraudes.
A Sorbonne, uma das universidades de mais prestigio no mundo, está no meio de um escândalo por causa de um diploma de direito cancelado após verificação de fraudes. © Fotomontagem RFI
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Arach Derambarsh, 41 anos, defendeu sua tese em 2015, tornando-se assim, advogado. Ele é vereador de Courbevoie, subúrbio ao norte de Paris, desde 2014, encarregado atualmente do desenvolvimento durável. Personalidade midiática, ele ficou conhecido por lutar contra o desperdício de alimentos. Como explica Le Monde, Derambarsh também se aproveitou de golpes de publicidade, quando se apresentava, por exemplo, como presidente do Facebook da França.

Um artigo no Wikipedia fala que Derambarsh, nascido em Paris, filho de exilados iranianos, teve um “percurso escolar caótico”, com tentantivas frustradas de entrar em escolas de direito de renome até chegar ao caso do diploma da Sorbonne cancelado. Ele é autor do livro “Tomber 9 fois, se relever 10: échec scolaire, ne jamais lâcher” (“cair nove vezes, se levantar dez: nunca desistir apesar da derrota escolar”, em tradução livre), cita Le Monde.

A tese do ex-advogado tem como título “Registro policial, enquadramento legal e social em um ambiente controverso” e foi defendida em 11 de dezembro de 2015. As redes sociais citam trechos do documento. Um tuíte anônimo estima que 92% da tese de Derambarsh era composta por trechos copiados de outras obras.

Autor da tese fala em "conspiração"

Uma notificação oficial da Sorbonne, revelada por Le Monde diz que desde a introdução até a conclusão, passando por notas, anexos e bibliografia, o manuscrito de tese de Derambarsh é quase todo composto por uma montagem de textos, produzidos em contexto acadêmico ou publicados por outros autores.

Derambarsh falou ao jornal Le Monde e diz que tudo é uma “conspiração” e que vai fazer apelo da decisão. Ele alega que em momento nenhum tomou para si a ideia de um outro autor, mas admite um problema de forma. “As citações não estão no lugar certo”, alegou ao jornal francês.

O escândalo vai mais longe, questionando a formação da banca que aprovou a tese, analisa Le Monde. Primeiro porque o tema não era familiar aos integrantes e também porque são próximos do interessado. Um deles é presidente de uma associação cultural na prefeitura onde Derambarsh é vereador.

Os membros do júri dizem não terem percebido o plágio. Le Monde explica que há ainda outros dados suspeitos no procedimento, como ausência de relatório de defesa, que é uma obrigação regulamentar indispensável para validar uma tese.

O advogado do acusado disse à reportagem do Le Monde que seu cliente ainda não foi convocado pelo Conselho da Ordem e por isso pode continuar a exercer a profissão de advogado.

 

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