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Um pulo em Paris

Franceses relaxam nas medidas de prevenção contra a Covid-19 e assustam médicos e enfermeiros

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Este é o último fim de semana antes da suspensão gradual do isolamento social na França. Depois de passarem quase dois meses confinados em casa, desde 17 de março, muita gente relaxou nos cuidados preventivos da quarentena nos últimos dias. Com o tempo bom, o aumento do movimento nas ruas foi visível em vários bairros de Paris.

O Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica (Inserm) alerta que se não houver identificação sistemática de pessoas infectadas, a França terá uma segunda onda da epidemia, ainda mais violenta, já no mês de junho.
O Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica (Inserm) alerta que se não houver identificação sistemática de pessoas infectadas, a França terá uma segunda onda da epidemia, ainda mais violenta, já no mês de junho. REUTERS - Charles Platiau
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Rodas de bate-papo nas calçadas, supermercados cheios e muita gente sem máscara – a proteção de fato não é obrigatória, mas é recomendada pela Academia Francesa de Medicina. Essa desenvoltura dos parisienses diante do risco de contágio do coronavírus, que ainda é considerado alto na capital e seus subúrbios, deixa enfermeiros e médicos assustados.

Muitas pessoas estão desestabilizadas pelo longo isolamento e querem liberdade para circular. Mas esse comportamento é contraditório, uma vez que 72% dos franceses, segundo uma pesquisa publicada nesta sexta-feira (8), acreditam que haverá uma segunda onda da epidemia e todos voltarão à quarentena.

O governo francês teve tempo para elaborar uma estratégia a fim de reduzir o ritmo das contaminações, mas algumas escolhas feitas pelas autoridades são criticadas pelos epidemiologistas.

Diariamente, o Ministério da Saúde publica um mapa da França em duas cores: verde para as regiões com menor circulação do vírus, e vermelho para as áreas com alto número de infectados. Mais ou menos um terço do território – a região parisiense, o leste e o norte da França – continuam em alerta vermelho contra o coronavírus. Todo o resto aparece em verde. Esse mapa induz a um comportamento de risco nas áreas verdes.

Alguns especialistas estimam que os idosos e outros perfis de risco deveriam continuar confinados. No entanto, o governo abandonou essa ideia depois de ser criticado por instâncias que defendem a liberdade de circulação e direitos iguais para todos. Para aumentar a preocupação, um estudo da Sorbonne mostra que se a metade do comércio não ficar fechado e 50% dos franceses continuarem em casa, a epidema vai voltar e com mais intensidade. As pessoas mais disciplinadas e conscientes da gravidade da Covid-19 ficam bastante irritadas com essa perspectiva e denunciam a falta de civismo de uma parcela dos compatriotas.

Escolas reabrem parcialmente na segunda-feira

Apenas 15% dos alunos voltam às aulas em escolas do ensino fundamental no dia 11 de maio. Alunos do 6° ano em diante e do ensino médio continuarão em casa, no mínimo até o começo de junho. Com isso, só um terço dos professores voltam aos estabelecimentos, enquanto os dois terços restantes farão o ensino à distância.

Os professores do primário e dos jardins da infância reclamam, no entanto, da rigidez das medidas de distanciamento social e de higiene impostas pelo governo, segundo eles impossíveis de serem respeitadas pelas crianças. Também não veem sentido em retomar as aulas com a metade das turmas. O governo alega, por outro lado, que reabrirá as escolas para atender às necessidades de famílias de baixa renda, que não conseguem garantir o aprendizado dos filhos fora do ambiente escolar. Na última semana, associações distribuíram tablets em bairros carentes na região parisiense, porque muitos alunos sem computador em casa e conexão de internet estão há quase dois meses abandonados, sem aprendizagem.

Certificado de trabalho para usar o metrô

Na região parisiense, foram estabelecidos horários de circulação exclusivos para quem vai ao trabalho: no período da manhã, entre 6h30 e 9h30; à tarde, entre 16h e 19h. Nessas faixas horárias, no metrô, na rede de trens de subúrbio e nos ônibus, as pessoas terão de mostrar um certificado emitido pelo empregador, com os horários previstos de entrada e saída do trabalho.

A partir de segunda-feira, das 302 estações do metrô de Paris cerca de 60 continuarão fechadas. Quem precisar do transporte coletivo para outras finalidades terá de usar a rede fora dos horários de pico. A multa para os infratores será de 135 euros, cerca de 840 reais.

Dez milhões de máscaras fornecidas pelo Estado às empresas de transporte público serão distribuídas gratuitamente para os usuários, já que a proteção será obrigatória no transporte coletivo.

Desde a semana passada, a empresa do metrô (RATP) testa, na maior estação parisiense (Chatelet - Les Halles), 12 câmeras de vídeo equipadas com uma ferramenta de inteligência artificial, que permite estimar o percentual de usuários que utilizam máscaras. O algoritmo também mede a distância entre os passageiros. O objetivo, segundo a RATP, não é identificar os infratores, mas analisar a tendência de comportamento dos usuários diante das recomendações para evitar o contágio.

Autorização para viagens

Os franceses que precisarem viajar a uma distância superior a 100 quilômetros do endereço de residência precisarão preencher um documento no site do Ministério do Interior. A Comissão Europeia também recomendou nesta sexta-feira o prolongamento até 15 de junho de viagens não essenciais dentro do bloco europeu e para não residentes vindos do exterior.

A boa novidade, para quem mora no litoral Atlântico ou no Mediterrâneo, é que as praias poderão reabrir. Mas os prefeitos das cidades balneárias terão de encaminhar um pedido de autorização ao Ministério do Interior. O banho de sol continuará proibido. As praias serão acessíveis apenas para o banho de mar, caminhadas, surfe ou esportes náuticos individuais.

Nas próximas três semanas, o governo francês recomenda cautela abosluta contra o coronavírus.

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