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Governo francês deve prolongar confinamento, mas já planeja fim da medida

O fim do confinamento na França só pode ser previsto quando a saturação dos serviços de reanimação for interrompida, considera o Conselho Científico francês em seu parecer mais recente, divulgado na terça-feira (7) à noite. Nesta quarta-feira (8), o primeiro-ministro Édouard Philippe exaltou, no Senado, os benefícios desta medida no combate à Covid-19. 

O primeiro-ministro francês, Édouard Philippe, voltou a falar dos benefícios do confinamento para a desaceleração da curva de casos graves da Covid-19 e a consequente saturação do sistema de Saúde. Foto de 28 de março de 2020.
O primeiro-ministro francês, Édouard Philippe, voltou a falar dos benefícios do confinamento para a desaceleração da curva de casos graves da Covid-19 e a consequente saturação do sistema de Saúde. Foto de 28 de março de 2020. POOL/AFP
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"Antes de considerar uma saída do confinamento, o governo terá que garantir que o objetivo" de "aliviar os serviços de reanimação dos franceses" seja "alcançado", "com base em indicadores epidemiológicos", sublinha o texto do Conselho Científico. 

"As equipes de saúde também terão que se beneficiar de um período suficiente para se recuperar do esforço considerável prestado, e os estoques de equipamentos, tratamentos específicos de reanimação e equipamentos de proteção deverão ser reabastecidos", acrescenta o parecer, o quinto desde a criação deste órgão, em 10 de março, para orientar as autoridades públicas em sua estratégia contra a epidemia de Covid-19.

Baseado nesta avaliação, o primeiro-ministro Édouard Philippe sublinhou, no Senado, que a progressão da curva de casos graves da Covid-19 "parece estar se desacelerando" e que isso seria uma boa notícia, caso se confirme nos próximos dias. "Isso é muito provavelmente efeito do confinamento, e determina a sua necessidade", disse Philippe. 

Estratégias para a saída do confinamento

Os membros do Conselho Cientifícico, presidido por Jean-François Delfraissy, acrescentam dois outros critérios pelos quais a saída do confinamento "pode ser definida": "uma redução no número de casos Covid-19 no território nacional" e "garantir que os elementos de uma estratégia de pós-contenção estejam operacionais”. 

"Idealmente, a redução no número de pacientes terá que ser significativa o suficiente para que a detecção sistemática de novos casos seja novamente possível, a fim de combater antecipadamente a retomada da epidemia, aplicando rapidamente as medidas de controle com a casos e seus contatos”, explica o presidente do conselho.

Os 13 especialistas acreditam que a imunidade da população ao novo coronavírus hoje é "muito provavelmente inferior a 15%" e, portanto, ainda não pode desempenhar um papel no controle da epidemia.

Quanto aos elementos necessários para a pós-contenção, na pendência de possíveis tratamentos eficazes contra o vírus, estão: a disponibilidade de proteções materiais (álcool gel, máscaras), capacidade de diagnóstico rápida, revisão de infecções com vigilância epidemiológica aprimorada e novas ferramentas digitais para melhorar a eficácia do controle sanitário da epidemia ".

Novas medidas

Isso também pressupõe que as autoridades definiriam as "medidas de distanciamento social que serão mantidas" após o confinamento, os "métodos de isolamento de casos e seus contatos", uma "política de controle de fronteiras" e "a proteção das pessoas vulneráveis ou em risco" devido à sua situação de moradia (migrantes, prisões, pessoas em instituições).

Essas medidas serão "mais suportáveis e menos onerosas para a sociedade" do que o confinamento, mas "permanecerão fortes", alerta o Conselho Científico. O órgão insiste que, paralelamente a essas reflexões, a atual "prioridade" continue sendo a "a continuação do confinamento reforçado ao longo do tempo ".

Sobre as medidas digitais para o desconfinamento está o aplicativo para smartphones “StopCovid19”, que o governo planeja colocar em ação. Utilizável "voluntariamente" para identificar pessoas que entraram em contato com infectados, o aplicativo é baseado na geolocalização, anunciaram nesta quarta-feira (8) o ministro da Saúde Olivier Véran e o Secretário de Estado para o Digital, Cédric O, em entrevista ao jornal Le Monde.

Extensão do confinamento

Em vigor desde 17 de março, o confinamento deverá ser estendido para além de 15 de abril, disse nesta quarta-feira o primeiro-ministro Édouard Philippe.

O presidente Emmanuel Macron fará novo pronunciamento às 20h desta quinta-feira (9), muito provavelmente para anunciar a continuação da medida para além do dia 15 de abril. Em 24 de março, o Conselho Científico estimou que ele duraria "provavelmente pelo menos seis semanas".

A seção europeia da Organização Mundial da Saúde disse nesta quarta-feira que, apesar dos "sinais positivos" observados em alguns países da região, era muito cedo para reduzir o confinamento estabelecido por países da Europa para conter a propagação do novo coronavírus.

597 mortes adicionais na França

A França registrou na terça-feira (7) um balanço grave dos hospitais, com 597 mortes adicionais em 24 horas, um total de 7.091 desde 1° de março. Além disso, 3.237 óbitos foram registrados em asilos e estabelecimentos médico-sociais, contabilizando 10.328 óbitos.

No total, 7.131 pacientes necessitam de tratamento intensivo pesado, "um indicador de que a epidemia continua progredindo", observou o diretor-geral de saúde, Jérôme Salomon.

No entanto, com as altas de pacientes curados, o aumento do número de pacientes nas UTIs é cada vez menor, com um saldo de +59 na terça-feira.

"Ainda não estamos no pico", repetiu o número 2 do Ministério da Saúde. "Estamos apenas na fase ascendente, mesmo que ela esteja desacelerando um pouco. Então, falar de saída de confinamento hoje não faz sentido".

E como serão os próximos meses? O secretário de Estado dos Transportes, Jean-Baptiste Djebbari, aconselhou os franceses a "esperar" antes de planejar viagens para as férias de verão, que começa em julho no Hemisfério Norte.

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