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Em domingo ensolarado, parisienses resistem a ficar confinados por coronavírus

Feiras lotadas, esportistas a todo o vapor e pessoas simplesmente aproveitando o dia ensolarado de inverno: apesar das restrições de deslocamentos impostas pelo governo francês para tentar frear a epidemia de coronavírus no país, milhares de parisienses continuavam nas ruas neste domingo (15). No sábado (14), a França passou para o estágio 3 de contaminação, com uma série de novas recomendações sanitárias em vigor devido à alta exponencial das infecções pelo Covid-19 nos últimos dias.

Mercado de Aligre, em Paris, estava lotado neste domingo (15/03/2020) como em qualquer outro, apesar da epidemia de coronavírus.
Mercado de Aligre, em Paris, estava lotado neste domingo (15/03/2020) como em qualquer outro, apesar da epidemia de coronavírus. Captura de vídeo/ Twitter
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A determinação de só sair de casa por razões de saúde ou para comprar alimentos é pouco seguida em bairros turísticos como Montmartre ou Les Halles, na capital francesa. “Se respeitamos as medidas de distanciamento social, não há razão para preocupação”, alegou um cliente de uma floricultura na agitada rua Montorgueuil. “Passamos no parque com as crianças porque acreditamos que o confinamento total não vai demorar a acontecer. São provavelmente os nossos últimos momentos de liberdade”, disse um pai de família nas proximidades do Marché d’Aligre, que nesta manhã estava frequentado como em qualquer outro domingo em Paris.  

Cafés e restaurantes não abriram, porém o fechamento dos comércios chamados “não essenciais” na França vai ser melhor sentido nos dias úteis, a partir desta segunda-feira (16). “Enquanto ninguém vier me falar nada, não vejo por que eu deveria fechar. Se alguém vier, verei o que fazer”, afirmou um sapateiro da Montorgueuil, onde o vendedor de vinhos também decidiu abrir as portas.

Franceses “mal disciplinados’

Desde já, medidas imediatas de autoisolamento pregadas pelo primeiro-ministro Edouard Philippe, que cobrou mais “disciplina” dos franceses na véspera, não são seguidas à risca. Em padarias, queijarias e outras lojas alimentares, a distância de um metro entre os clientes é praticamente ignorada.

Nas mesas da calçada de uma padaria próxima da praça da República, os clientes aproveitaram o sol para tomar café da manhã, como se nada de grave estivesse acontecendo. De forma geral, há menos pessoas circulando nas ruas, porém o cenário é bastante diferente do que se vê atualmente na Itália. O governo italiano impôs o confinamento total da população depois que a epidemia saiu fora de controle.

Na França, o último balanço divulgado pelas autoridades sanitárias aponta 4,5 mil contaminados e 91 mortos pelo Covid-19.

Mais da metade da população será contaminada, diz ministro

Os números ainda estão distantes do que antecipam as estimativas de contaminação. Em uma entrevista ao site franceinfo, o ministro francês da Educação, Jean-Michel Blanquer, avaliou neste domingo que a epidemia de coronavírus vai “atingir provavelmente mais da metade” da população do país.

“Como vocês sabem, a estratégia não é impedir que o vírus se propague – nós já sabemos que ele vai atingir mais da metade entre nós. Mas queremos fazer com que isso aconteça da maneira mais espalhada no tempo possível”, explicou.

Blanquer se referia às pessoas potencialmente contaminadas, mas que não desenvolveram formas graves da infecção pelo vírus. “Nós consideramos – e ao fazê-lo, só retomamos o que dizem os cientistas –, que de 50 a 70% da população acaba sendo contaminada pelo vírus e é isso que colocará um fim a ele, porque cria uma forma majoritária de imunidade que faz com que o vírus acabe sozinho.”

Sem crise de abastecimento

Já o ministro da Economia, Bruno Le Maire, garantiu que “a segurança de abastecimento alimentar está garantida nos dias e semanas a seguir”. Ele afirmou que as regras de trabalho noturno na França serão flexibilizadas para assegurar que os supermercados estarão bem abastecidos.

Le Maire disse que, por enquanto, “não há qualquer penúria” na França e “não haverá racionamento” de produtos. Segundo ele, de 90 a 95% dos produtos permanecerão disponíveis nas lojas.

“Contamos com um comportamento responsável dos franceses, para não se jogarem sobre as prateleiras e comprarem mais do que precisam”, comentou o ministro, durante uma coletiva de imprensa.

Com informações da AFP

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