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Igreja/ Pedofilia

Papa aceita demissão de bispo que não denunciou crimes sexuais em diocese

O papa Francisco aceitou a demissão do bispo francês Philippe Barbarin nesta sexta-feira (6). Ele era acusado de acobertar crimes de pedofilia em sua diocese de Lyon, na França, marcada por anos de silêncio sobre as agressões sexuais de menores por parte dos padres.

O bispo Barbarin chega no tribunal de apelação de Lyon,em 28 de novembro de 2019.
O bispo Barbarin chega no tribunal de apelação de Lyon,em 28 de novembro de 2019. JEFF PACHOUD / AFP
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Apesar de ter sido considerado inocente pela justiça, o Vaticano decidiu aceitar o pedido feito pelo religioso. “Essa demissão não é uma surpresa”, declarou à imprensa o bispo Michel Dubost, que administra a diocese de Lyon desde o afastamento de Barbarin. “Mas nós sentimos que vivemos um momento muito importante”, completou.

Na declaração, Dubost afirmou que “esses quatro anos foram de grande sofrimento”. “Primeiramente temos que rezar pelas vítimas”, disse ele. “Foram atos horríveis e é importante virar a página e que venha alguém que marque uma nova etapa com toda a diocese de Lyon”, declarou.

Pouco depois de ter sido inocentado pelo tribunal de apelação de Lyon, em 30 de janeiro, o bispo anunciou que pediria novamente demissão ao papa. Francisco tinha pedido um prazo de reflexão para responder a este novo pedido.

O papa tinha negado que Barbarin demissionasse em março, após sua condenação em primeira instância, esperando a decisão do tribunal de apelação. O caso virou um símbolo dos disfuncionamentos da Igreja Católica diante da pedocriminalidade.

Papa encurralado

O presidente da associação de vítimas La Parole Libérée (Voz liberada), François Devaux, comemorou a decisão, mas disse que o papa só tomou essa medida porque “se sente encurralado”. “Se essa decisão tivesse sido tomada no começo, não teriam feito tantos recursos”, completou.

Após a condenação, em primeira instância, a seis meses de prisão com liberdade condicional, por não ter denunciado as agressões sexuais cometidas por um padre da diocese contra escoteiros entre 1971 e 1991, o arcebispo de Lyon se retirou do episcopado. A nominação de seu sucessor deve ser feita em um prazo de dois a quatro meses.

Segundo Dubost, o papa deve confiar “uma missão” a Barbarin, mas ele afirmou em entrevista a um canal de tevê católico, não saber ainda do que se trata. “Ou o Papa me pede alguma coisa e eu certamente direi sim, ou ele não me pede nada e neste caso, como todos os bispos eméritos, eu irei ajudar em algum lugar”.

Durante seu processo, o cardeal repetiu que ignorava as ações do padre até conhecer uma vítima em 2014. O religioso envolvido no caso, Bernard Preynat, que deixou o sacerdócio em 2019, deve conhecer seu veredito em 16 de março. Ele pode ser condenado a oito anos de prisão, por abusos sexuais que reconheceu ter cometido contra escoteiros com idades entre 7 e 15 anos.

 

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