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Um pulo em Paris

França denuncia empresas que praticam discriminação no recrutamento

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Um relatório publicado pelo governo francês esta semana denuncia a questão da discriminação nos processos de recrutamento de funcionários. Testes realizados em 40 grandes empresas apontam que os candidatos cujos nomes têm sonoridade árabe teriam menos chances de serem contratados.

Campanhas contra a discriminação no mundo do trabalho. Enquanto o candidato da esquerda é imediatamente "bem-vindo na equipe", o da direita rebece como resposta um "entraremos em contato".
Campanhas contra a discriminação no mundo do trabalho. Enquanto o candidato da esquerda é imediatamente "bem-vindo na equipe", o da direita rebece como resposta um "entraremos em contato". Reprodução/Ministério do Trabalho
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O estudo, encomendado pelo governo, foi realizado por pesquisadores da universidade Paris-Est-Créteil entre outubro de 2018 e janeiro de 2019. Durante esse período, 5.300 testes foram feitos em 40 empresas.

O experimento consistia em responder anúncios de emprego com currículos similares. Um dos candidatos fictícios era sempre de uma pessoa cujo nome tinha uma sonoridade tipicamente francesa, enquanto as outras vinham de candidatos cujo nome tinha uma sonoridade árabe.

A principal conclusão do estudo foi que existe na França, segundo os pesquisadores, “uma discriminação significativa e robusta a partir de critérios de origem visando os candidatos supostamente magrebinos”. Ou seja, as pessoas cujos nomes possuem uma sonoridade árabe, vindas de países como Marrocos, Argélia e Tunísia, no norte da África, que foram colônias francesas e são de maioria muçulmana, seriam preteridas. Todas as candidaturas fictícias eram de pessoas nascidas na França, mas que tinham um nome que remetia às suas origens ou de seus pais e avós.

Várias associações antirracismo já haviam efetuado testes desse tipo no país e o resultado é quase sempre o mesmo. Mas, desta vez, o governo decidiu tornar público o nome de sete das empresas testadas. Estão na lista Altran, Rexel, Arkema e Sopra Steria, mas também grupos bastante conhecidos no exterior, como a montadora Renault, o grupo hoteleiro Accor, ou ainda a companhia aérea Air France.

Cotas para mais diversidade

Seis das sete empresas visadas reagiram imediatamente por meio de um comunicado conjunto. Elas dizem discordar totalmente dos resultados, criticam “ a falta de rigor do estudo” e contestam “falhas na metodologia usada para chegar a conclusões errôneas”. Todas também lembraram “os engajamentos sociais que vem fazendo para garantir uma igualdade de tratamento no recrutamento e na luta pela igualdade de oportunidades”.

Há alguns anos o governo francês investe em uma estratégia nacional de luta contra as discriminações no mundo do trabalho. Campanhas publicitárias de conscientização e um sistema de cotas para acesso às universidades de prestígio visando estudantes oriundos de bairros mais pobres fazem parte das iniciativas implementadas. No entanto, todas as medidas levam em conta apenas critérios sociais e econômicos, e nunca critérios de ordem étnica ou racial, proibidos no país desde 1978.

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