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Imprensa/França

Desmantelamentos de acampamentos de migrantes aumentam tráfico e consumo de crack em Paris

A imprensa francesa desta sexta-feira (10) trata do aumento do consumo do crack em Paris. A reportagem do jornal Libération foi a um dos principais locais explorados pelos traficantes desta droga, utilizada especialmente por migrantes na capital francesa.

Destaque do jornal Libération para o aumento do consumo do crack em Paris e o fracasso das autoridades em lidar com a questão.
Destaque do jornal Libération para o aumento do consumo do crack em Paris e o fracasso das autoridades em lidar com a questão. Fotomontagem RFI
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O diário destaca que o ministro do Interior, Christophe Castaner, prometeu no final do ano passado tratar com urgência do problema. Mas, segundo Libération, desde o desmantelamento, no último 7 de novembro, de um imenso acampamento de migrantes, no norte de Paris, o nicho dos traficantes de crack apenas se transferiu para outros locais da capital francesa.

É o caso da "colina do crack" - um local de tráfico e consumo que se localizava em Porte de Chapelle, no norte de Paris. Foi desmantelado e é hoje vigiado por policiais dia e noite. No entanto, basta caminhar nos arredores desse local para, segundo Libé, se dar conta que o governo nada fez para resolver o problema do crack em Paris.

A reportagem descreve que, em uma rua próxima à "colina do crack", mais de 400 pessoas que faziam parte do acampamento fechado em novembro vivem em condições calamitosas. Sentados em lixeiras, dezenas de pessoas fumam crack em plena luz do dia, a poucos metros do local vigiado pelos policiais.

O tráfico, segundo Libération, é gerenciado por homens originários do Senegal. Entre os principais usuários, estão migrantes afegãos, eritreus e guineenses. Muitos vivem no local, outros - estudantes ou trabalhadores socialmente integrados - passam para comprar sua dose e consumi-la em outros lugares. Entre eles, também há franceses.

Plano trienal

Até o momento, a única solução encontrada veio da parte das autoridades municipais, que elaboraram um plano trienal contra o crack, de € 3 milhões por ano, até 2021. Ele prevê assistência aos usuários, a abertura de locais de consumo supervisionados e abrigo aos viciados.

Associações humanitárias que trabalham nesses mutirões são as primeiras a denunciar o fracasso da política de desmantelamento de acampamentos, a proibição do consumo e repressão dos usuários - principais estratégias do governo. "É preciso admitir que, na nossa sociedade, as pessoas consomem drogas. É necessário levar respostas a esses cidadãos, não apenas tentar esconder o problema", defende o coordenador da missão anti-crack da prefeitura de Paris, Pierre-Adrien Hingray.

Libération é pessimista sobre a questão. Segundo a matéria, a "política de invisibilização" corre o risco de piorar com a aproximação dos Jogos Olímpicos de Paris, em 2024. Os trabalhos que estão sendo realizados na capital para o acolhimento das competições vão "transformar profundamente o norte da capital e empurrar ainda mais para as periferias os 'indesejáveis'", como se refere aos usuários de crack.

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