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França/ Greve

Fragilizado, governo francês enfrenta nova rodada de mobilizações

O governo francês enfrenta uma nova rodada de manifestações fragilizado pela demissão do arquiteto da reforma da Previdência, o Alto Comissário para a aposentadoria na França, Jean Paul Delevoye. Os principais sindicatos convocaram para terça-feira (17) mobilizações em todo o país.

Os sindicalistas franceses e os trabalhadores em greve assistem a uma manifestação em Paris, no dia 17 de dezembro de 2019, quando a França enfrenta seu 13º dia consecutivo de greves contra os planos de reforma das pensões do governo francês.
Os sindicalistas franceses e os trabalhadores em greve assistem a uma manifestação em Paris, no dia 17 de dezembro de 2019, quando a França enfrenta seu 13º dia consecutivo de greves contra os planos de reforma das pensões do governo francês. REUTERS/Jean-Michel Belot
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A demissão de Delevoye, em meio à greve que mobiliza o país contra a reforma da Previdência, ganhou destaque na imprensa francesa. Os jornais analisam como a renúncia fragiliza o governo diante do movimento social.

"Os Amadores", diz a capa do Libération. “Após revelações sobre conflitos de interesse, Delevoye pediu demissão às vésperas de uma mobilização massiva, fragilizando ainda mais uma reforma em que ele era a peça mais importante", afirma. Para o jornal, o presidente francês Emmanuel Macron perde um aliado político essencial frente aos sindicatos e um pilar sólido para defender a reforma no Parlamento. O jornal cita o presidente da Cfdt, um dos principais sindicatos franceses, para quem a demissão deslegitima o governo.

Libération relembra as razões que levaram à demissão de Delevoye, que mentiu sobre 13 mandatos que acumulava, em sua declaração à Alta autoridade pela transparência da vida pública, HATVP, na sigla em francês. Todos os membros do governo devem declarar sua situação patrimonial e também as funções que exercem ou que realizaram no passado, que poderiam criar conflitos de interesse e interferir em decisões futuras, lembra a jornal. Criada em 2013, a HAPTVP tem o objetivo de verificar a idoneidade dos membros do Parlamento e do Governo.

"Macron perde seu Senhor Aposentadoria", diz a manchete do Aujourd'hui en France. Segundo o jornal, o caso Delevoye coloca o Estado em uma situação embaraçante. "O Alto Comissário para a aposentadoria, fiel a Macron, foi obrigado a fazer as malas por causa de vários "esquecimentos" em sua declaração de interesses, às vésperas de uma nova rodada de mobilizações", resume o jornal.

Le Figaro diz que Macron sacrificou uma peça importante na partida de xadrez que está jogando com os sindicatos para que sua reforma seja aceita. A publicação lembra que o primeiro ministro Edouard Philippe deve receber as organizações sindicais e patronais na quarta-feira (18) e que a questão principal a ser debatida é a idade da aposentadoria, que deve passar paulatinamente a 64 anos. O jornal também destaca a mobilização desta terça-feira, em que oito centrais sindicais convocaram manifestações que devem mobilizar a França. "Nesta terça-feira, não serão apenas os empregados dos transportes públicos que farão greve. Funcionários públicos, advogados e juízes, médicos e trabalhadores da saúde também vão às ruas", afirma o jornal.

O jornal de economia Les Echos, pergunta em seu editorial, “quem sabe falar com os sindicatos?” Lembrando que o governo perdeu seu principal intermediário com os sindicalistas. Segundo a publicação, apesar das divergências, sindicatos de trabalhadores públicos e privados estão unidos contra a reforma. "Esta terça-feira terá o valor de um teste" para o governo francês, afirma.

 

 

 

 

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