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Macron rejeita sanções ao Azerbaijão, defendidas pelo Parlamento europeu

O presidente francês, Emmanuel Macron, declarou nesta quinta-feira (5) que "agora não é o momento" de os europeus adotarem sanções contra o Azerbaijão em resposta à operação militar de Baku em Nagorno-Karabakh. Os governos do Azerbaijão e da Armênia foram convidados a se reunir em Bruxelas para dialogar sobre a crise.

Presidente francês, Emmanuel Macron, abordou a situação em Nagorno-Karabakh no encerramento da cúpula da Comunidade Europeia, em Granada. (05/10/2023)
Presidente francês, Emmanuel Macron, abordou a situação em Nagorno-Karabakh no encerramento da cúpula da Comunidade Europeia, em Granada. (05/10/2023) AP - Fermin Rodriguez
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No encerramento da terceira cúpula da Comunidade Política Europeia (CPE) organizada em Granada, Espanha – que estava inicialmente prevista para contar com a presença do presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev –, Macron sublinhou que o diálogo com Baku deve ser priorizado e a urgência agora é responder à crise humanitária. Mais de 100 mil armênios que viviam em Nagorno-Karabakh deixaram o enclave rumo à Armênia.

"O momento não é para sanções (...) Devemos continuar a discutir com o Azerbaijão", declarou.

No Parlamento Europeu, os eurodeputados acusaram o Azerbaijão de fazer uma "limpeza étnica" entre os armênios da região de Nagorno-Karabakh, conforme resolução não vinculante adotada nesta quinta-feira (5).

No documento, eles fizeram um apelo aos países da União Europeia para "adotarem medidas específicas contra pessoas do governo do Azerbaijão”, em represália aos ataques. O texto foi aprovado por 491 votos a favor e nove contra.

Baku x Paris

Macron também negou que Paris tenha vetado a presença de qualquer país. "A França sempre teve uma posição muito exigente. Talvez ela não seja vista como um parceiro conciliador", declarou, em coletiva de imprensa.

Segundo a imprensa oficial do Azerbaijão, o presidente mudou de ideia no último momento devido a comentários da França considerados pró-armênios. Ilham Aliev também se aborreceu com a recusa de Paris e Berlim em permitir que o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, participasse das discussões, informou a agência de notícias oficial do Azerbaijão APA na quarta-feira.

"Não é a França que tem problemas com o Azerbaijão. É o Azerbaijão que tem problemas com os compromissos que assume, com o direito internacional", acrescentou o presidente francês, dizendo lamentar "profundamente" a ausência de Aliev e Erdogan.

Possível diálogo em Bruxelas

No centro de um conflito entre o Azerbaijão e a Armênia há mais de três décadas, Nagorno-Karabakh é reconhecido como território do Azerbaijão pela comunidade internacional, mas era de fato independente desde a queda da União Soviética e uma guerra no início da década de 1990, liderada por grupos étnicos armênios, que consideram o enclave sua pátria ancestral.

Apesar das múltiplas rodadas de discussões, Baku e Yerevan não conseguiram até agora baixar as tensões, um objetivo que se distanciou ainda mais com a intervenção militar de 20 de setembro passado.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, anunciou que convidou Ilham Aliev e o primeiro-ministro armênio Nikol Pashinian a Bruxelas até ao final do mês. Uma fonte do governo azerbaijano disse à Reuters na quarta-feira que Ilham Aliyev estava disposto a participar de negociações trilaterais com Nikol Pashinian e Charles Michel.

Nesta quinta, Hikmet Hajiev, conselheiro de Aliev, confirmou que o seu país estava "pronto para participar em reuniões em Bruxelas entre as três partes.

Já a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse ter conversado com Nikol Pashinian à margem da cúpula em Granada. Numa declaração conjunta com o primeiro-ministro armênio, ela reiterou a condenação da operação militar do Azerbaijão em Nagorno-Karabakh, sublinhando também a necessidade de respeito à integridade territorial e as soberanias da Armênia e do Azerbaijão.

Com Reuters e AFP

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