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Temendo queda do apoio à Ucrânia, chanceleres europeus se reúnem em Kiev

Depois de um fim de semana difícil para a Ucrânia, com a suspensão da ajuda americana e a vitória de uma populista pró-Rússia nas eleições da Eslováquia, os ministros das Relações Exteriores da União Europeia se reuniram nesta segunda-feira (2), em Kiev, para um “encontro histórico” que visa demonstrar “solidariedade”  ao país.

Fotografia divulgada pela presidência da Ucrânia mostra o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky em um aperto de mãos com o Alto Comissário da União Europeia para Relações Exteriores, Josep Borrell.
Fotografia divulgada pela presidência da Ucrânia mostra o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky em um aperto de mãos com o Alto Comissário da União Europeia para Relações Exteriores, Josep Borrell. AFP - HANDOUT
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O encontro de chanceleres europeus visa mostrar à Rússia que Moscou “não deve contar” com o “cansaço” da União Europeia, explicou a ministra francesa Catherine Colonna. A Ucrânia teme uma diminuição do apoio ocidental à contraofensiva do país.

“Convoco hoje os ministros das Relações Exteriores a Kiev, para a primeira reunião dos 27 países-membros fora da União Europeia”, anunciou o chanceler da UE, Josep Borrell, no X (antigo Twitter), elogiando a “reunião histórica” na Ucrânia, “país candidato e futuro membro".

Borrell, no entanto, esclareceu que se tratava de uma reunião “informal” e “sem conclusões e decisões concretas”.

Ao receber os outros ministros, o chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kouleba, mostrou-se satisfeito com a realização do encontro em Kiev, “dentro das futuras fronteiras da União Europeia”, segundo ele.

A Ucrânia pretende aderir à UE há anos e recebeu o estatuto de candidata à adesão em junho de 2022. O gesto é considerado simbólico no contexto da invasão russa, embora nenhum calendário tenha sido definido.

A reunião de segunda-feira em Kiev é um “gesto diplomático excepcional”, sublinhou Colonna, que explicou que a UE quer demonstrar o seu apoio “definitivo” e “duradouro” à Ucrânia “até que ela possa vencer” Moscou.

Apoio ocidental à Ucrânia

A reunião acontece em meio a temores sobre a sustentabilidade do apoio ocidental à Ucrânia, que depende do fornecimento de armas e da ajuda financeira dos europeus e dos Estados Unidos.

Mas entre omissão da ajuda ucraniana no voto do Senado americano na noite do sábado (30) e as eleições na Eslováquia que levaram a o poder um governo pró-Rússia, a população continua confiante sobre a ajuda ocidental, como testemunham os moradores de Kiev entrevistados pela RFI.

“Eu acho que o orçamento (americano) vai ser revisto e que tudo pode mudar. Espero!”, disse uma mulher. “Vendo como a Hungria nos trata, e agora a Eslováquia, eu me preocupo com estes países”, disse outra entrevistada. “Quanto aos Estados Unidos, eu não acho que sua ajuda seja afetada. Ainda acredito, tenho amigos lá. Voluntários, soldados, eles continuarão a nos apoiar”, insistiu.

Já o porta-voz do ministério das Relações Exteriores ucraniano, Oleh Nikolenko, afirmou que alguns programas podem ser afetados, mas a ajuda dos Estados Unidos, de maneira global, não deve ser impactada. O mesmo ponto de vista é compartilhado pelo chefe da administração presidencial, Andriy Yermak, que não acredita em uma mudança repentina da política de Washington em relação a Kiev.

Em Washington, um acordo de emergência fechado neste fim de semana pelo Senado para evitar uma paralisia da administração federal deixou fora do orçamento a ajuda à Ucrânia, que será votada em um outro projeto, separadamente.

O presidente norte-americano, Joe Biden, prometeu que os Estados Unidos “não abandonariam” a Ucrânia, e Kiev anunciou “trabalhar” com o seu principal apoio militar e financeiro para que esta situação “não impeça o fluxo de ‘ajuda’”.

Na Europa, a Eslováquia elegeu, no sábado (30), um partido populista que se opõe à continuação da ajuda à Ucrânia nas eleições Legislativas. A formação do novo governo foi confiada ao populista Robert Fico. Kiev disse na segunda-feira que “a escolha do povo eslovaco" deve ser respeitada e considerou que era muito cedo para prever as consequências.

Outra fonte de ajuda para a Ucrânia, uma missão do Fundo Monetário Internacional (FMI), a primeira em três anos, visitou Kiev para discutir um programa de 15,6 bilhões de dólares.

Contraofensiva difícil

No frente de batalha, onde a Ucrânia tem liderado uma difícil contraofensiva desde junho, os bombardeios continuaram na segunda-feira. Quatro pessoas ficaram feridas em Kherson e outras duas em Orikhiv, no sul, segundo as autoridades regionais. Quatro drones explosivos russos foram derrubados durante a noite, segundo o exército ucraniano.

As agências de inteligência ucranianas, por sua vez, assumiram a responsabilidade por um ataque de drones a uma fábrica de produção de mísseis em Smolensk, na Rússia, a mais de 600 quilómetros da fronteira.

(RFI e AFP)

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