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Reunidos em Paris, Macron e Meloni discutem coordenação contínua sobre imigração

Reunidos em Paris nesta terça-feira (20), a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, e o presidente francês, Emmanuel Macron, insistiram na necessidade do "diálogo" entre os dois países, após uma série de crises em torno da questão da imigração. A premiê italiana ainda participa na capital francesa da apresentação de Roma como candidata a sediar a Exposição Universal de 2030.

O presidente francês, Emmanuel Macron, recebeu a premiê da Itália, Giorgia Meloni, durante a primeira visita oficial dela à França desde que foi eleita, no ano passado.
O presidente francês, Emmanuel Macron, recebeu a premiê da Itália, Giorgia Meloni, durante a primeira visita oficial dela à França desde que foi eleita, no ano passado. AP - Michel Euler
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"Itália e França são duas nações unidas, duas nações importantes, centrais, protagonistas da Europa que precisam dialogar em um momento como este porque nossos interesses comuns são muito convergentes", sublinhou Giorgia Meloni, em sua primeira visita oficial à capital francesa.

“É essencial que Roma e Paris continuem a trabalhar bilateral e multilateralmente”, insistiu ela, referindo-se, em particular, às questões europeias.

França e Itália devem "trabalhar juntas"

O presidente francês, Emmanuel Macron, pediu a continuação da "coordenação" bilateral em matéria de imigração. "Itália e França podem continuar a fazer progressos úteis nas próximas semanas, nos próximos meses e nos próximos anos", completou.

Macron também insistiu na necessidade de um "diálogo franco, ambicioso e exigente" entre os dois países, que vá além de "polêmicas e divergências".

Tensões recentes

Nos últimos meses, o tema da imigração tem alimentado tensões entre Paris e Roma.

Em novembro, a Itália se recusou a receber o navio humanitário Ocean Viking e os 230 migrantes que estavam a bordo, pressionando a França a deixar a embarcação atracar em Toulon, no sul do país. Na época, a França denunciou um comportamento "inaceitável" de Roma.

Depois, foi a vez do ministro francês do Interior, Gérald Darmanin, despertar a ira do governo italiano ao dizer que Giorgia Meloni era "incapaz de resolver os problemas imigratórios", razão para o qual "ela havia eleita".

Os círculos diplomáticos dos dois países trabalharam para restabelecer os laços entre Roma e Paris nos últimos meses. Emmanuel Macron e Giorgia Meloni já se encontraram à margem de vários encontros internacionais, com uma reunião de 45 minutos no G20, no Japão, em maio. Os ministros das Relações Exteriores dos dois países também tiveram um diálogo "caloroso" há um mês, em Roma.

No início de junho, o chefe de Estado francês recebeu o presidente italiano, Sergio Mattarella, uma forma de garantir a estabilidade da península, significando que os "laços excepcionais que unem" os dois países transcendem a personalidade dos dirigentes.

"Apesar das diferenças políticas e ideológicas entre os dois governos, há em Meloni e Macron uma consciência de que a França e a Itália devem agir juntas. Isso corresponde aos interesses de ambos os países", disse à AFP o historiador Marc Lazar, professor da Sciences Po, em Paris.

Exposição Universal

Além de aparar arestas com o Executivo francês, a visita da primeira-ministra Giorgia Meloni a Paris também tem por objetivo defender a candidatura de Roma a sediar a Exposição Universal de 2030. 

Mesmo que Macron não tenha poder sobre a decisão da próxima sede do evento mundial, em apenas quatro dias, ele recebeu o príncipe da Arábia Saudita, o presidente sul-coreano e agora a primeira-ministra italiana.

É em Paris que fica o Bureau International des Expositions (BIE), organização intergovernamental que "supervisiona, promove e desenvolve" eventos como a Expo 2030.

O órgão realiza, nesta terça-feira, a sua assembleia geral, durante a qual "serão consideradas as três candidaturas" para daqui a sete anos, de acordo com um comunicado de imprensa. Cada país candidato defende uma "visão", segundo o BIE.

Em competição, estão Roma, Busan (Coreia do Sul) e Riad (Arábia Saudita). A Ucrânia, que apresentou uma proposta em setembro de 2022 para Odessa, não é mais mencionada neste texto do BIE.

As exposições universais são realizadas a cada cinco anos e duram no máximo seis meses. Elas permitem ao país escolhido “construir pavilhões extraordinários e transformar a cidade-sede no longo prazo”, segundo o BIE.

A Torre Eiffel, por exemplo, foi construída em Paris para a Exposição Universal de 1889.

Visitas em Paris

O primeiro a vir a Paris para defender as chances de seu país sediar o evento foi o príncipe saudita Mohammed bin Salman (MBS). Ele lidera um plano de desenvolvimento faraônico chamado "Visão 2030" para o seu país e nesse contexto, Riad gostaria muito de sediar a Exposição Universal deste mesmo ano. O evento seria realizado de 1º de outubro de 2030 a 31 de março de 2031, com o slogan: “A Era da Mudança: Juntos por um Futuro Visionário”.

Emmanuel Macron também recebeu hoje o presidente sul-coreano Yoon Suk-Yeol. Os dois discutiram, em particular, sobre a "cooperação nos setores do futuro", como o uso civil do nuclear, segundo o Palácio do Eliseu. Mas a cidade portuária de Busan, na Coreia do Sul, também deseja sediar a Exposição Universal de 1º de maio a 31 de outubro de 2030, em torno do tema "Transformando nosso mundo, navegando em direção a um futuro melhor". A candidatura é defendida em Paris nesse momento.

A candidatura de Roma para sediar a Exposição Universal é apresentada nas mesmas datas que a Coreia do Sul e se concentra no tema: "Pessoas e territórios: Regeneração, inclusão e inovação".

Em Paris, Yoon e Meloni participam da assembléia geral do Escritório International das Exposições, cujos 179 estados-membros, após conhecerem os três projetos candidatos, votarão, em novembro, por voto secreto para determinar o país vencedor.   

O último evento desse tipo aconteceu em Dubai e registrou 24 milhões de visitantes.

A Exposição Universal de 2025 acontecerá em Osaka, no Japão.

(Com informações da AFP)

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