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Rússia e China estão no centro da nova estratégia de segurança nacional da Alemanha

Em sua nova estratégia de segurança nacional, revelada nesta quarta-feira (14) pelo chanceler Olaf Scholz, a Alemanha aponta a Rússia como "a maior ameaça à paz" para países do oeste da Europa. No documento, a China é classificada como "um rival sistêmico", porém indispensável na resolução de crises globais.

De terno cinza claro, o chanceler alemão, Olaf Scholz, caminha ao lado dos ministros de Relações Exteriores, Defesa e Interior para o local onde deram entrevista coletiva sobre a nova Estratégia de Segurança Nacional alemã. 14 de junho de 2023
De terno cinza claro, o chanceler alemão, Olaf Scholz, caminha ao lado dos ministros de Relações Exteriores, Defesa e Interior para o local onde deram entrevista coletiva sobre a nova Estratégia de Segurança Nacional alemã. 14 de junho de 2023 AP - Markus Schreiber
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Após meses de discussões e tensões dentro da coalizão, o governo de Olaf Scholz apresentou um documento de quase 80 páginas que define os desafios de segurança enfrentados pela principal potência econômica da Europa. 

"Pela primeira vez na história do nosso país, elaboramos uma estratégia de segurança nacional", disse à imprensa o líder alemão, em Berlim, ladeado por alguns de seus principais ministros.

A divulgação da nova doutrina, objeto de árduas negociações no governo, foi diversas vezes adiada, e acontece em um momento em que a confiança dos alemães na coalizão declina, devido às tensões entre ecologistas e liberais sobre o orçamento e o combate ao aquecimento global.

"Robôs russos"

As diretrizes divulgadas são menos ambiciosas do que as inicialmente previstas no acordo de coalizão assinado no final de 2021. O documento fornece uma visão geral das questões de segurança, entre elas as relações com Moscou e Pequim, questões de segurança cibernética e ameaças climáticas.

"Segurança no século 21 significa obter medicamentos vitais de forma confiável nas farmácias. Segurança significa não ser espionado pela China ao conversar com amigos ou não ser manipulado por robôs russos ao navegar nas redes sociais", resumiu a chefe da diplomacia alemã, a ecologista Annalena Baerbock, ao apresentar a estratégia alemã.

A Rússia é apontada como "a maior ameaça à paz e à segurança na região euro-atlântica em um futuro previsível", diz o texto. De acordo com Scholz, a invasão russa da Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022 marcou uma "mudança histórica" na política externa e de defesa alemã, o que deve levar o país a se rearmar.

Berlim irá investir € 4 bilhões na aquisição do sistema israelense de defesa antimísseis balísticos Arrow. No documento, o governo alemão confirma a intenção de dedicar 2% de seu PIB à defesa, embora a trajetória financeira permaneça incerta.

A estratégia de segurança nacional também tem como alvo a China, que é um país "parceiro, concorrente e rival sistêmico", destaca o plano. "Por diferentes meios, a China tenta reformular a ordem internacional baseada nas regras existentes, reivindica de forma cada vez mais ofensiva uma supremacia regional e age em constante contradição com nossos interesses e valores", diz o governo alemão. "Observamos que os elementos de rivalidade e competição aumentaram nos últimos anos", observa o documento.

"Lista longa e vaga"

Uma delegação de autoridades chinesas liderada pelo primeiro-ministro Li Qiang visitará Berlim na semana que vem para consultas. Na avaliação do governo alemão, as ações de Pequim indicam que "a estabilidade regional e a segurança internacional estão sob crescente pressão" e "os direitos humanos não estão sendo respeitados". Apesar disso, "a China continua sendo, ao mesmo tempo, um parceiro sem o qual muitos desafios e crises globais não podem ser resolvidos", enfatiza o documento.

Para o chanceler Olaf Scholz, "é preciso garantir que a economia chinesa continue a crescer e que sua integração ao comércio mundial e às relações econômicas globais não seja prejudicada". "Mas, ao mesmo tempo, temos que levar em conta as questões de segurança que enfrentamos", disse ele à imprensa.

Principal parceiro econômico da Alemanha e mercado vital para seu poderoso setor automotivo, a China há muito tempo é poupada por Berlim, que, no entanto, endureceu o tom no ano passado diante das ameaças a Taiwan e da perseguição à minoria uigure. Berlim está se alinhando à doutrina da União Europeia, que não busca se "dissociar" completamente da China, mas reduzir os riscos ("de-risking").

Essa estratégia não convenceu alguns cientistas políticos. O especialista em Relações Internacionais Ulrich Speck criticou no Twitter "uma longa lista de objetivos vagamente formulados", lamentando a ausência de "planos de ação e meios concretos relacionados a alguns objetivos prioritários".

A ideia de criar um Conselho de Segurança Nacional, com base no modelo americano, foi abandonada pelo governo alemão.

(Com informações da AFP)

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