Belarus vai acolher armas nucleares russas e afirma não infringir tratado sobre não-proliferação
A Belarus vai acolher armas nucleares “táticas” russas em resposta às “pressões” ocidentais, afirmou nesta terça-feira (28) o ministério bielorrusso de Relações Exteriores em um comunicado no qual afirma não infringir artigos do tratado de não-proliferação de armamentos deste tipo.
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“Há dois anos e meio a Belarus enfrenta pressões (…) sem precedentes da parte dos Estados Unidos, do Reino Unido e de seus aliados”, afirmou a diplomacia do país, denunciando uma “ingerência direta e grosseira” nos assuntos internos de Minsk.
As sanções econômicas e políticas contra a ex-república soviética, aliada da Rússia, são acompanhadas pelo “reforço do potencial militar” da Otan sobre o território dos países-membros da Aliança vizinhos de Belarus, diz o comunicado.
Neste contexto, a Belarus é “obrigado a tomar medidas de retaliação”, insistiu a diplomacia bielorrussa, garantindo, ao mesmo tempo, que Minsk não terá o controle sobre as armas e que sua implantação “não contradiz de maneira nenhuma os artigos I e II do tratado de não-proliferação nuclear”.
O acordo prevê que cada Estado nuclearmente armado se compromete a não transferir armas ou artefatos nucleares a outro Estado não armado. Ao mesmo tempo, os Estados que não contam com poderio nuclear também se comprometem a não receber transferências deste tipo de armamentos.
Retórica perigosa
Sábado (25), o presidente russo Vladimir Putin anunciou ter o acordo de Minsk para implantar armas nucleares “táticas” no território de Belarus. O país se situa na fronteira da União Europeia e é dirigido, desde 1994, por Alexandre Lukashenko, um dos principais aliados de Moscou.
Segundo o presidente russo, os preparativos para esta instalação devem começar no próximo mês.
O anúncio provocou duras críticas por parte dos países ocidentais. A Otan denunciou uma “retórica perigosa e irresponsável” da Rússia, enquanto a União Europeia ameaçou Minsk de novas sanções se esta implantação fosse realizada.
Os Estados Unidos reafirmaram não ter nenhuma razão de pensar que a Rússia se preparava para usar uma arma nuclear, condenando, ao mesmo tempo, o anúncio do Kremlin.
A Belarus não participa diretamente do conflito na Ucrânia, mas Moscou usou seu território para iniciar a ofensiva contra Kiev no ano passado.
O governo russo emitiu diversas vezes ameaças veladas de usar armas nucleares na Ucrânia em caso de escalada significativa do conflito.
(Com informações da AFP)
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