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Na Espanha, extrema direita obriga mulheres a ouvir o coração do feto antes de decidir sobre aborto

Entra em vigor nesta segunda-feira (16) na região de Castilla e León, na Espanha, uma lei controvertida sobre o aborto, criada por uma coalizão regional da direita conservadora e da extrema direita, representada pelo partido Vox. O objetivo é obrigar as mulheres a ouvir os batimentos cardíacos do feto antes de decidirem sobre o aborto.

Uma manifestante anti-aborto em Madri, em 6 de junho de 2022.
Uma manifestante anti-aborto em Madri, em 6 de junho de 2022. AFP - JAVIER SORIANO
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François Musseau, correspondente da RFI em Madri

Na Espanha, os temas de saúde competem às regiões, mas essa implementação colide frontalmente com as políticas do governo central, liderado pelos socialistas, que estão fazendo o possível para evitar sua aplicação ou, pelo menos, limitar seu alcance.

Pela primeira vez, um governo regional, por meio da extrema direita, ataca uma lei tão emblemática quanto a legislação sobre o aborto, uma das mais avançadas da Europa. O que o governo de Castilla e Léon pretende é copiar as normas em vigor na Hungria, de Victor Orbán, ao convidar as mulheres que pretendem interromper a gravidez a irem a um psicólogo, ouvir os batimentos cardíacos do embrião e fazer uma ultrassonografia em 3D.

Para Fabrício, que trabalha com computação, é muito preocupante. “Acho que as chamadas políticas a favor da vida que o Vox quer implementar são um retrocesso. É a extrema direita e os católicos que juntos querem tomar o poder”, diz.

Batalha política

O projeto de lei gerou uma violenta batalha política. O governo central, dominado pela esquerda, considera que essas recomendações são uma violação inaceitável dos direitos das mulheres, inclusive uma forma de assédio contra elas.

“Isso nos traz de volta a uma época antiga, quando as mulheres não tinham direitos ou liberdade para decidir sobre suas próprias vidas. Para mim, isso não parece nada ético, ou mesmo moral”, diz indignada Samira, enfermeira que atende mulheres.

Madri ameaçou suspender as prerrogativas da região. O executivo regional baixou um pouco o tom, mas se recusa a garantir o direito pleno ao aborto, sem qualquer restrição.

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