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Macron e Sunak querem bloquear imigração ilegal no Canal da Mancha

O presidente francês Emmanuel Macron e o primeiro-ministro britânico Rishi Sunak conversaram pela primeira vez por telefone, nesta sexta-feira (28). Ambos expressaram o desejo de "aprofundar a relação bilateral entre a França e o Reino Unido”, especialmente em setores como defesa, assuntos estratégicos e energia.

Barco de fiscalização britânico leva imigrantes que tentavam atravessar ilegalmente o Canal da Mancha
Barco de fiscalização britânico leva imigrantes que tentavam atravessar ilegalmente o Canal da Mancha AP - Kirsty Wigglesworth
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Uma cúpula bilateral franco-britânica está prevista para 2023, de acordo com a presidência francesa.  Mas desde já os dois países demonstram sua “determinação em cooperar face aos desafios comuns", como a guerra na Ucrânia e suas consequências ou ainda a luta contra o aquecimento global.

Antes de Sunak, durante sua campanha para Downing Street, Liz Truss havia se recusado a dizer se Emmanuel Macron era um "amigo" ou um "inimigo" do Reino Unido, dizendo que iria julgar o presidente francês por seus atos. A imprensa britânica afirma que essas observações impediram a assinatura, na época, de um acordo bilateral sobre imigração para o último verão europeu. Foi só no início de outubro em Praga, durante a primeira cúpula da Comunidade Política Europeia, que o líder francês foi considerado de fato "um amigo" do Reino Unido.

"Tornar a rota completamente intransitável"

Paris e Londres também pretendem reforçar a cooperação para evitar travessias ilegais do Canal da Mancha, uma fonte de tensões recorrentes entre as autoridades dos dois países. Rishi Sunak sublinhou “a importância para ambos os países de tornar a rota completamente intransitável para os traficantes de seres humanos". Os líderes se comprometeram a “aprofundar a parceria para desencorajar as travessias mortais do Canal da Mancha que levam ao crime organizado", segundo Downing Street.

Os dois países concordaram que o governo britânico ajudará financeiramente as autoridades francesas a monitorar melhor as praias para evitar embarques. Porém, de acordo com o jornal The Times, Rishi Sunak quer ir mais longe e espera um acordo global com alvos quantificados de barcos interceptados e policiais de fronteira britânicos para patrulhar a área.

O novo primeiro-ministro também quer estabelecer metas para que 80% dos pedidos de asilo sejam processados ​​em seis meses, contra uma média de 480 dias, mas também apertar as condições de concessão de asilo. Desde o início do ano, mais de 38.000 migrantes fizeram a travessia perigosa do Canal da Mancha em barcos improvisados, mais do que em todo o ano passado. Segundo as autoridades britânicas, até 80% desses migrantes são albaneses.

Neto de imigrantes, Sunak tem postura dura sobre imigração

Neto de imigrantes indianos, Rishi Sunak assumiu uma postura muito dura em relação à imigração. Ele apoia o controverso plano dos governos conservadores anteriores de enviar requerentes de asilo de Ruanda de volta à África, que ainda está pendente de revisão judicial.

O premiê também nomeou a ultraconservadora Suella Braverman para o Ministério do Interior, uma decisão interpretada como um gesto em direção à ala direita do Partido Conservador.

Porém, ao contrário de governos anteriores muito agressivos em relação à França, acusada ​​de não fazer o suficiente, o novo primeiro-ministro adota um tom mais conciliador. O secretário de Estado da Imigração, Robert Jenrick, disse esta semana que quer uma relação mais "construtiva" com Paris e para tomar medidas conjuntas com as autoridades albanesas.

O sistema de asilo do Reino Unido está completamente sobrecarregado por esse afluxo de pessoas, com mais de 117.000 casos em atraso. O centro de recepção, onde os migrantes deveriam transitar por apenas 24 horas, está lotado de pessoas que estão lá há mais de 30 dias ou dormindo em colchões.

(Com informações da AFP)

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