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Greve do setor ferroviário bloqueia a circulação de 90% dos trens no Reino Unido

Depois da greve dos carteiros, na sexta-feira (30), hoje é a vez dos ferroviários protestarem no Reino Unido. O movimento é o maior dos últimos 40 anos: 90% dos trens do país não circulam neste sábado (1°). 

Estação de Paddington, em Londres, vazia neste sábado (1°) devido à greve dos trabalhadores do setor ferroviário no Reino Unido.
Estação de Paddington, em Londres, vazia neste sábado (1°) devido à greve dos trabalhadores do setor ferroviário no Reino Unido. AP - James Manning
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Com informações da correspondente da RFI em Londres, Marie Boëda, e da AFP 

Embora o Reino Unido não tenha uma forte tradição da mobilização de movimentos sociais, a inflação, que chegou a 9,9%, impulsiona a manifestação. Para os sindicatos, o aumento dos salários da categoria é urgente. 

A rede ferroviária está quase completamente paralisada neste sábado. Cerca de 11% dos trens estão circulando e, em várias regiões, esse meio de transporte não está funcionando. Nenhum trem circula entre Londres, Manchester, Birmingham e Edimburgo, na Escócia. 

Pela primeira vez neste ano os quatro maiores sindicatos do setor - RMT, Unite, Aslef, TSSA - se coordenaram para uma ação conjunta. Cerca de 54 mil funcionários aderiram à paralisação. 

"A inflação pode chegar a 20% no ano que vem", ressalta Mick Lynch, secretário geral de um dos maiores sindicatos de transporte do país. "Isso será impossível aos trabalhadores. Enquanto isso, as empresas ferroviárias lucram, e pedem que renunciemos aos pedidos de aumento. É inaceitável", diz.

Lynch responsabiliza o governo pelo protesto: "foram eles que provocaram esse conflito". Segundo ele, diante da inflação, Londres propõe "a supressão de empregos, redução das aposentadorias e dos salários".

A greve prejudicou a vinda a Londres dos torcedores do Arsenal e do Tottenham no dia em que os dois clubes se enfrentam no local. Também deve impedir a vinda de milhares de pessoas à capital britânica para a maratona de Londres. Além disso, ocorre na véspera do início do congresso anual do Partido Conservador, em Birmingham. 

Os conservadores, aliás, estão em queda livre nas pesquisas de opinião. A primeira-ministra britânica, Liz Truss prometeu adotar até o final de novembro uma legislação que permita o serviço mínimo no setor. 

Governo sob pressão

O Reino Unido enfrenta uma inflação de quase 10% e se preocupa como fará para pagar as contas de energia e empréstimos nas próximas semanas. Apesar do anúncio do congelamento dos preços da eletricidade, os valores dobraram em um ano. O governo de Truss, que assumiu há um mês, já sofre as consequências da crise. 

Desde junho, o país é palco de diversas greves no setor dos transportes, nos portos, correios, de advogados e lixeiros. Os trabalhadores exigem o aumento dos salários diante do alto custo de vida. 

Vários sindicatos, principalmente de ferroviários, anunciaram uma trégua na mobilização após a morte da rainha Elizabeth II, mas o movimento parece decidido a retomar os protestos. A categoria já anunciou uma nova rodada de paralisações na quarta-feira (5) e no próximo sábado (8) que devem prejudicar a circulação de trens e metrôs.  

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