Reações de líderes à vitória da extrema direita na Itália expõem fratura ideológica da Europa
A Europa recebeu com cautela a vitória do partido pós-fascista Irmãos da Italia, liderado por Giorgia Meloni, nas eleições legislativas italianas de domingo (25). Países de extrema direita, como Polônia e Hungria, saudaram o resultado, acolhido com cautela por democracias como França, Alemanha e Espanha. Os Estados Unidos lembrou objetivos comuns, como "apoiar uma Ucrânia livre e independente".
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O presidente francês, Emmanuel Macron, declarou respeitar “a escolha democrática” dos italianos. “É como países vizinhos e amigos que devemos continuar a trabalhar juntos”, declarou o presidente francês. “É como europeus que vamos conseguir vencer desafios comuns”, acrescentou.
A França estará "atenta" ao "respeito" aos direitos humanos e ao direito ao aborto, alertou a primeira-ministra Elisabeth Borne, em declaração ao canal de TV BFM.
O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, disse que os Estados Unidos estão impacientes para trabalhar com o novo governo italiano. Através do Twitter, ele lembrou alguns objetivos comuns: “apoiar uma Ucrânia livre e independente, respeitar os direitos humanos e construir um futuro economicamente durável”.
O ministro espanhol das Relações Exteriores, José Manuel Albarés, declarou a jornalistas que "o populismo termina sempre em desastre" e considerou que essa vitória veio num momento em que "dois modelos se chocam" na Europa, tendo como pano de fundo a guerra na Ucrânia.
"Há um modelo em que apostam o governo espanhol e muitos outros países da Europa, que é o da construção europeia" e "outro modelo, o de Vladimir Putin, um modelo autoritário”, explicou.
Já o Kremlin disse que a Rússia está aberta para relações “construtivas” com a Itália, após a vitória do partido de Giorgia Meloni.
Por sua vez, o governo da Alemanha afirmou esperar que a Itália continue "muito favorável à Europa. "Partimos do princípio de que isso não mudará", disse Wolfgang Büchner, porta-voz do governo alemão.
Um porta-voz do Ministério das Finanças alemão disse que Berlim continua a esperar que Roma respeite as regras orçamentárias europeias.
A UE afirmou que trabalha com todos os governos que emergem das eleições no bloco e espera uma cooperação com o novo Executivo da Itália.
"Esperamos ter uma cooperação construtiva com as novas autoridades italianas. No momento, esperamos que a Itália proceda com a nomeação de um governo", disse Eric Mamer, porta-voz da Comissão Europeia, o braço Executivo da UE.
Incentivos de direita
O primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, elogiou a "grande vitória" de Giorgia Meloni. "Grande vitória! Parabéns!", exclamou Morawiecki no Facebook.
Na Hungria, o primeiro-ministro nacionalista Viktor Orban, através de seu diretor político e estrategista, o deputado Balazs Orban, também felicitou Giorgia Meloni, acrescentando que "mais do que nunca precisamos de amigos que compartilhem uma mesma visão da Europa".
Partidos europeus de extrema direita comemoraram a vitória de Meloni. "O povo italiano decidiu tomar o destino em suas próprias mãos elegendo um governo patriótico e soberano", tuitou a francesa Marine Le Pen, do partido Reunião Nacional (RN).
"Estamos exultantes com a Itália!", disse Beatrix von Storch, vice-presidente do grupo AfD no Bundestag, na Alemanha.
Para o líder do partido espanhol Vox, Santiago Abascal, Meloni "mostrou o caminho para uma Europa orgulhosa e livre de nações soberanas", acreditando que "milhões de europeus depositaram suas esperanças na Itália".
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