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Seca do rio Reno piora crises energética e econômica na Alemanha

O nível do rio Reno, localizado no oeste da Alemanha, está em queda devido ao forte calor do verão, o que dificulta a navegação fluvial. O baixo volume das águas está causando problemas de abastecimento na região e pesando sobre a economia alemã, que está enfraquecida com a crise energética.

O rio Spree em frente ao Palácio de Berlim e a catedral ao fundo, em 2021. Imagem ilustrativa.
O rio Spree em frente ao Palácio de Berlim e a catedral ao fundo, em 2021. Imagem ilustrativa. © STEFANIE LOOS / AFP
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A ameaça de um fechamento parcial do tráfico fluvial neste rio, um dos mais transitados do mundo, tornou-se motivo de preocupação para a indústria alemã, afetada pela crise do gás russo e pelo forte aumento no preço da energia como consequência da guerra na Ucrânia.

Roberto Spranzi, chefe da cooperativa de transporte marítimo DTG, na cidade industrial de Duisburgo, conta que sua frota de mais de 100 navios está sendo obrigada a limitar a carga para evitar que algum deles encalhe por falta de água no leito.

"Temos que utilizar de três a quatro navios, quando em tempos normais só precisaríamos de um" para transportar a mesma carga, explica Spranzi.

O chefe da DTG mostra a preocupante baixa do nível da água na entrada do porto de Duisburgo. Ele relata que "está a 1,70 metro. Em teoria, o nível normal da água é superior a dois metros".

"Abastecemos as fábricas às margens do Reno com matéria-prima. Quando não é mais possível, fazemos em menor escala, o que é uma ameaça para a indústria alemã", alerta Roberto Spranzi.

Problemas para transportar carvão

Na Alemanha, aproximadamente 4% do transporte é feito por via marítima. O Reno ganhou importância nos últimos meses, quando o país decidiu apostar no carvão para reduzir sua dependência do gás russo.

O problema é que muitas das grandes usinas estão localizadas justamente nos arredores do Reno, um rio fundamental para seu abastecimento.

As grandes empresas alemãs alertaram que possíveis distúrbios graves no tráfico fluvial pesarão na economia já afetada há meses por dificuldades na cadeia de suprimentos.

O grupo de energia Uniper declarou que o baixo nível do Reno poderia provocar um "funcionamento irregular" das suas usinas de carvão no mês de setembro. Já a EnBW, outro grupo que opera na região de Baden-Württemberg, no sudoeste da Alemanha, alertou que as entregas da produção podem ser limitadas.

"O baixo nível das águas do Reno implica a impossibilidade de assegurar com tranquilidade o transporte de importantes cargas de produtos derivados do petróleo, diesel ou combustível", resume Alexander von Gersdorff, porta-voz da associação empresarial alemã de combustível e energia.

Risco de escassez

Grandes indústrias presentes nas margens do Reno, como ThyssenKrupp e BAF, temem uma desaceleração em sua atividade nas próximas semanas. A diminuição dos fretes no Reno acentua o risco de escassez e também provoca impacto nas tendências macroeconômicas.

A seca de 2018, quando a profundidade de referência do Reno foi para 25 centímetros no mês de outubro, cortou o PIB alemão em dois décimos, observa o Deutsche Bank Research.

"Se os problemas que estamos observando atualmente durarem mais [do que em 2018], a perda do valor econômico será mais grave", destaca Marc Schattenberg, um dos economistas da pesquisa feita pelo banco.

(Com informações da AFP)

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