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Ucrânia anuncia retomada de atividades nos portos para exportação de grãos

A Ucrânia anunciou, nesta quarta-feira (27), que as atividades nos portos do país foram retomadas para viabilizar a exportação de grãos, bloqueados desde o início da invasão russa, há seis meses. Um Centro de Coordenação Conjunta, responsável pelo controle dos embarques de cereais ucranianos via Mar Negro, foi inaugurado oficialmente em Istambul. O órgão fará a inspeção dos navios que partem da Turquia e que ali chegam, a fim de garantir que estes não transportam nada além de grãos.

Um campo de trigo perto de Melitopol, em Zaporizhia, em 14 de julho de 2022.
Um campo de trigo perto de Melitopol, em Zaporizhia, em 14 de julho de 2022. © ANDREY BORODULIN/AFP
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Sediado em uma academia militar, o centro será administrado igualmente por cinco "representantes da Rússia, assim como da Ucrânia, da ONU e da Turquia, incluindo militares e civis", ou 20 no total, informou o ministro da Defesa turco, Hulusi Akar, durante uma breve cerimônia nesta quarta-feira.

"Aqueles que vão trabalhar aqui sabem que os olhos de todo o mundo estão sobre eles", insistiu o ministro turco, esperando que o Centro de Coordenação Conjunta (CCC) “contribua melhor para atender às necessidades humanitárias e a paz coletiva".

O anúncio ocorre poucos dias depois que Ucrânia e Rússia assinaram acordos em Istambul, sob mediação da ONU, para aliviar a crise alimentar global e criar "corredores seguros" no Mar Negro a partir dos portos de Odessa, Chornomorsk e Pivdennyi.

Cerca de 25 milhões de toneladas de grãos, em particular trigo, estão estocadas desde o início do conflito nos portos da região de Odessa devido à presença de navios de guerra russos e de minas colocadas por Kiev para defender sua costa. Ambos os países estão entre os maiores exportadores de grãos do mundo, mas ainda são necessários esforços para garantir a segurança dos cargueiros, enquanto os produtos já estão em falta nos mercados mundiais.

O CCC deve registrar e monitorar os navios mercantes que farão parte dos comboios, garantir seu acompanhamento via internet e por satélite, fazer com que os navios sejam inspecionados "por equipes conjuntas nos locais apropriados" no momento do carregamento nos portos ucranianos e na chegada aos portos turcos. Se necessário, a desminagem será decidida e organizada "pelas partes". "No entanto", acrescentou o ministro, "não precisamos disso nesta fase".

Segurança das rotas marítimas

"A saída e entrada dos navios nos portos marítimos será feita formando um comboio que acompanhará o primeiro navio. Mas isso será precedido pelo árduo trabalho dos hidrógrafos" para determinar rotas seguras, afirmou a Marinha ucraniana. As autoridades de Kiev enfatizaram que não confiam em Moscou para garantir a segurança dos navios.

Essa é a mesma posição da Polônia, para quem a Rússia "não é confiável" para honrar o acordo para a exportação de grãos ucranianos de Odessa, de acordo com as palavras do primeiro-ministro polonês nesta quarta-feira. "No dia seguinte à assinatura [do acordo], as forças armadas russas atacaram Odessa", lembrou Mateusz Morawiecki em uma entrevista coletiva. "Significa que tais acordos não podem ser considerados totalmente críveis, porque infelizmente é assim que a Rússia é," concluiu.

O acordo alcançado em Istambul foi comprometido, no último sábado (23), por um bombardeio russo em Odessa. O ataque gerou uma onda de críticas internacionais, embora Moscou tenha enfatizado que visou apenas a infraestrutura militar, o que, para o Kremlin, não inviabilizaria o embarque de grãos.

Para o ex-almirante americano Fred Kenney, que representará as Nações Unidas na operação, "a primeira função" desse novo sistema é "garantir a navegação segura dos navios cargueiros. Tudo será feito nesse sentido", explicou. "O acordo abrange cereais, produtos alimentícios e fertilizantes", completou, sem especificar se as normas se aplicam, também, a alimentos da Rússia. Moscou exigia poder exportar seus próprios produtos agrícolas sem estar sujeito a sanções ocidentais.

Um porta-voz adjunto do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Ivan Nechayev, garantiu nesta quarta-feira: "Somos fiéis às obrigações e contamos com a implementação efetiva dos acordos de Istambul". Porém, ele lembrou que "a questão das exportações de trigo ucranianas e a da normalização das exportações russas" devem ser resolvidas "em conexão" uma com a outra.

Após o ataque russo a Odessa, um dia após a assinatura do acordo de exportação, a Turquia disse estar "preocupada". "O ataque em Odessa preocupou a todos", reforçou o ministro turco das Relações Exteriores, Mevlut Cavusoglu, na manhã desta quarta-feira. "Este não é o tipo de ataque para impedir o funcionamento do porto. Mas não deve ser repetido. Esperamos que o acordo possa funcionar sem problemas", sublinhou.

(Com informações da AFP e RFI)

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