Após debate, deputadas britânicas são proibidas de levar bebês para o Parlamento
As deputadas britânicas não devem levar seus bebês ao Parlamento britânico, de acordo com um relatório elaborado pelo comitê que representa todos os partidos da casa, divulgado nesta quinta-feira (30).
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No ano passado, ao receber uma advertência, Stella Creasy não pode levar seu bebê para a Câmara dos Comuns, após ter participado dos debates com seu filho, Pip, dormindo em seus braços. Apesar da campanha de uma representante trabalhista para melhorar a conciliação entre vida pessoal e profissional, a proibição continuará em vigor.
A deputada, então, denunciou o tratamento dado às mulheres na política, que devem combinar maternidade e trabalho. A questão gerou polêmica e o presidente da Câmara dos Comuns, Lindsay Hoyle, pediu uma revisão das regras.
Em um comunicado publicado nesta quinta-feira (30), a comissão responsável pela discussão do assunto optou por manter as regras existentes, embora tenha deixado para a presidência da Câmara a possibilidade de adotar regras "com parcimônia".
Creasy, que defende uma cobertura maior da licença maternidade, disse não ter ficado surpresa com a recomendação. "Esta comissão não falou com ninguém fora do Parlamento, embora muitos de nós tenhamos encorajado o debate. Não me surpreende que não reconheça que podemos estar desanimadas com estas regras e a visão antiquada a respeito das mulheres que têm filhos", disse.
As deputadas britânicas podem votar por procuração durante seis meses, o que é considerado insuficiente. Atualmente, 35% das representantes da Câmara dos Comuns são mulheres, o que corresponde a 225 parlamentares. Em um tuíte publicado nesta quinta-feira (30) Creasy lembra que muitas das parlamentares com bebês precisam amamentar.
Actually you do have a protected right to maternity cover and to breastfeed at work - both of which I don’t and which led to this situation. It’s just that the place that makes the laws we tell other employers to follow doesn’t follow them itself …. https://t.co/TQtHq72UIj
— stellacreasy (@stellacreasy) June 30, 2022
Crianças "distraem participantes"
De acordo com uma reportagem publicada no jornal The Washington Post, alguns parlamentares reclamaram que os bebês "distraiam" os participantes dos debates e representantes do Partido Conservador declararam que o Parlamento "não era lugar de criança".
O jornal lembra que polêmicas similares ocorreram em países como a Dinamarca, onde a deputada Mette Abildgaard, que decidiu levar a filha ao seu local de trabalho, foi convidada a se retirar do Parlamento a pedido da Presidente da Câmara, Pia Kjaersgaard, em 2019. Uma parlamentar alemã enfrentou a mesma situação, em 2018.
A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinta Arden, que teve um bebê durante o mandato, também chamou atenção ao levar a filha para a Assembleia Geral das Nações Unidas, em 2018. As fotos e o vídeo da cena, inédita, tiveram repercussão mundial.
(RFI e AFP)
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