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Alemanha anuncia que utilizará mais carvão para suprir falta de gás

A Alemanha tomará medidas de emergência para garantir seu fornecimento de energia diante dos recentes cortes nas entregas de gás russo. Isso significa que o país recorrerá mais ao carvão, de acordo com um anúncio feito pelo governo neste domingo (19). 

Mina de carvão perto da central de Bohlen-Lippendorf, na Alemanha, em novembro de 2013
Mina de carvão perto da central de Bohlen-Lippendorf, na Alemanha, em novembro de 2013 REUTERS/Michaela Rehle
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O governo de coalizão alemão, que inclui ecologistas, prometeu abandonar o uso do carvão no país até 2030. "É difícil, mas indispensável, reduzir o consumo de gás", disse o ministro da Economia, o ambientalista Robert Habeck, em um comunicado. 

O Executivo alemão adotará uma lei no início do verão (que começa em julho no hemisfério norte), que  permitirá o uso das chamadas centrais de carvão "de reserva". Até agora, elas serviam apenas como último recurso. O ministro assegurou, no entanto, que esta medida é "provisória", em meio ao "agravamento" da situação no mercado do gás.

"Para reduzir o consumo de gás, deve-se usar mais as usinas a carvão para produzir eletricidade", declarou o Ministério da Economia, em um comunicado. Nesta semana, o gigante russo Gazprom anunciou a redução das entregas de gás, através do gasoduto Nord Stream, como reflexo da guerra na Ucrânia e da queda de braço no setor de energia entre os países ocidentais e Moscou.

Esta semana, a Gazprom cortou em 40% suas entregas via Nord Stream, e depois em 33%, alegando um problema técnico. Para o governo alemão, trata-se, no entanto, de uma "decisão política", no contexto do apoio dos países ocidentais à Ucrânia na guerra contra a Rússia. "Não temos ilusões. Estamos enfrentando um teste de força com (o presidente russo, Vladimir) Putin", comentou.

A guerra na Ucrânia tem perturbado significativamente o fornecimento de gás russo para a Europa.
A guerra na Ucrânia tem perturbado significativamente o fornecimento de gás russo para a Europa. REUTERS - FABRIZIO BENSCH

Racionamento

O pacote de medidas anunciado neste domingo prevê, ainda, um sistema de "leilões" para a venda de gás para as indústrias, o que permitiria, segundo Berlim, reduzir o consumo do poderoso setor manufatureiro alemão.

O Estado oferecerá, em um dispositivo semelhante a uma licitação, uma remuneração às empresas que prometerem a economia energética mais significativa. Este mecanismo contou com o apoio do setor industrial. "Isso permite orientar a redução onde os danos são menos impactantes", afirmou a Associação alemã de fabricantes de máquinas (VDMA) em um comunicado divulgado neste domingo.

 Diante da urgência da situação, o governo alemão também quer enfatizar a economia de energia. "Cada quilowatt conta", insistiu o ministro. Em meados de junho, foi lançada uma ampla campanha dirigida ao público em geral e às empresas. "É preciso fazer tudo que for possível para reduzir nosso consumo. E a indústria é um fator essencial", lembrou Habeck.

«Le charbon tue le climat».
«Le charbon tue le climat». © RFI/Christine Siebert

"A segurança do abastecimento está garantida", mas "a situação é grave", resumiu Habeck. Esta semana, o ministro considerou a ideia de que um racionamento poderá ser imposto, para consumidores e empresas, e mencionou a possibilidade de "outras medidas de economia de tipo legislativo", caso as quantidades armazenadas não aumentem.

No momento, as reservas de gás estão em 56%, um nível "superior à média dos últimos anos". Mas "temos que fazer todo o possível para armazenar o máximo de gás no verão e no outono. As reservas de gás têm que estar cheias para o inverno, é a prioridade absoluta", insistiu Habeck.

(Com informações da AFP)

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