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Soldado russo de 21 anos é condenado à prisão perpétua no 1° julgamento por crimes de guerra na Ucrânia

Um tribunal de Kiev condenou nesta segunda-feira (23) à prisão perpétua Vadim Shishimarin, um soldado russo de 21 anos. Esse foi o primeiro julgamento por crimes de guerra na Ucrânia desde o início da invasão por Moscou em 24 de fevereiro.

O soldado russo Vadim Shishimarin, de 21 anos, foi condenado à prisão perpétua nesta segunda-feira (23) por matar um civil desarmado no nordeste da Ucrânia no último 28 de fevereiro.
O soldado russo Vadim Shishimarin, de 21 anos, foi condenado à prisão perpétua nesta segunda-feira (23) por matar um civil desarmado no nordeste da Ucrânia no último 28 de fevereiro. REUTERS - VIACHESLAV RATYNSKYI
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O Ministério Público ucraniano havia pedido que o jovem fosse condenado à a prisão perpétua, pena máxima no país. O tribunal também considerou o jovem culpado de assassinato premeditado

O advogado do soldado, Viktor Ovsyannikov, anunciou que contestará a decisão. "Essa condenação é a mais severa possível e qualquer pessoa sensata recorreria. Vou pedir o cancelamento deste veredicto", afirmou.

Shishimarin, um sargento russo originário de Irkoutsk, na Sibéria, admitiu durante o julgamento que matou com um tiro Oleksandre Chelipov, um civil de 62 anos, em 28 de fevereiro, no nordeste da Ucrânia. A vítima empurrava uma bicicleta enquanto falava pelo telefone e não estava armada.

"O assassinato foi cometido com intenção direta", disse o juiz Sergiy Agafonov. "Shishimarin violou as leis e costumes da guerra", acrescentou o magistrado. 

Vestindo um moletom cinza e azul e com o crânio raspado, o soldado ouviu o veredicto sozinho em ucraniano no banco dos réus. Um intérprete traduziu a sentença para o russo.

Soldado pediu perdão à viúva da vítima

Em uma audiência na semana passada, Shishimarin declarou que lamentava o ocorrido e pediu "perdão" à viúva da vítima, em um breve encontro organizado em uma sala do tribunal. Ele alega ter agido sob pressão de um outro soldado quando tentava fugir de volta para a Rússia com quatro outros militares em um carro roubado. 

As autoridades ucranianas anunciaram a prisão do soldado russo no início de maio, sem dar pormenores sobre o caso. Ao mesmo tempo, publicaram um vídeo em que Shishimarin dizia ter vindo lutar na Ucrânia para "apoiar financeiramente a mãe".

Em relação às acusações ele explica na gravação: "Recebi ordens para disparar e disparei uma vez". "Ele caiu e nós continuamos o nosso caminho", afirmou o militar.

Kremlin se diz "preocupado"

Antes do início da audiência, o Kremlin se declarou "preocupado" com o destino do soldado russo. No entanto, afirmou não poder ajudá-lo devido à ausência de representação diplomática na Ucrânia. 

"Isso não quer dizer que não tentaremos [ajudar o soldado] através de outras formas. O destino de cada cidadão russo tem uma importância capital para nós", declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

Na semana passada, em uma série de mensagens no Twitter, a procuradora-geral ucraniana, Iryna Venediktova, sublinhou a importância do caso para o seu país. "Abrimos mais de 11.000 investigações de crimes de guerra e prendemos 40 suspeitos", disse ela. "Com este primeiro julgamento, enviamos um sinal claro de que nenhum carrasco, ninguém que ordenou ou ajudou a cometer crimes na Ucrânia escapará à justiça", completou.

Dois outros soldados russos começaram a ser julgados na última quinta-feira (19) por dispararem contra infraestruturas civis na região nordeste de Kharkiv, a segunda maior cidade do país. Vários outros julgamentos devem ter início nos próximos dias.

(Com informações da AFP

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