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A caminho de adesão à Otan, Finlândia poderia convencer Suécia a fazer o mesmo

Com avaliação estratégica favorável e apoio da população, a Finlândia deve decidir nas próximas semanas sobre uma candidatura à Otan, afirmou nesta quarta-feira a primeira-ministra finlandesa Sanna Marin durante uma visita à Suécia. A entrada do país na Aliança poderia convencer Estocolmo a fazer o mesmo.  

A primeira-ministra sueca Magdalena Andersson (E) acolhe a finlandesa Sanna Marin em encontro sobre adesão de seus países à Otan, em Estocolmo, Suécia, em 13 de abril de 2022.
A primeira-ministra sueca Magdalena Andersson (E) acolhe a finlandesa Sanna Marin em encontro sobre adesão de seus países à Otan, em Estocolmo, Suécia, em 13 de abril de 2022. AFP - PAUL WENNERHOLM
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“Acho que isso acontecerá rapidamente. Dentro de algumas semanas, não meses”, declarou Marin.

O governo finlandês esperava a publicação de um relatório de avaliação estratégica, encomendado de maneira urgente após o ataque à Ucrânia. O documento foi publicado nesta quarta-feira (13) e deu aval favorável à adesão, pouco antes do início de um debate sobre o assunto no Parlamento na próxima semana.

O texto insiste sobre o fato que somente membros da Otan beneficiam do “escudo” de defesa coletiva, previsto no artigo 5 da organização, acionado quando um dos países integrantes é atacado.  

Uma adesão à aliança liderada pelos Estados Unidos permitiria dissuadir, de maneira “consideravelmente maior”, um possível ataque contra a Finlândia, garante o documento.

Atualmente, o país –que tem uma fronteira de 1.300 km com a Rússia– é apenas parceiro da Otan. “A diferença entre ser parceiro e membro é muito clara e continuará sendo assim”, destacou a primeira-ministra social-democrata. “A única maneira de ter garantia de segurança é dentro do âmbito da defesa e da dissuasão comuns garantidas pelo artigo 5 da Otan”, acrescentou.

Uma cúpula da Otan está prevista para 29 e 30 de junho em Madri, na Espanha. Analistas acreditam que a candidatura da Finlândia será anunciada até lá.

Efeito dominó

A Suécia também não exclui a possibilidade de unir-se à aliança, mas parece mais hesitante que o país vizinho. “Sempre existem riscos”, disse nesta quarta-feira a primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson.

O paradoxo é que a guerra contra a Ucrânia, lançada por Moscou sob pretexto da ameaça da extensão da Otan, pode acabar fazendo a Finlândia entrar na aliança dobrando as fronteiras terrestres da Rússia com países membros.   

Antes da invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro, a possibilidade de a Finlândia ou a Suécia mudarem suas linhas históricas de não-aliança militar era altamente improvável.

“Tudo mudou quando a Rússia invadiu a Ucrânia”, reconheceu Marin.

O apoio à adesão, que ficava em torno de 20 a 25% há décadas na Finlândia, quase triplicou, ultrapassando os 60% atualmente.

Uma clara maioria a favor se define também no Parlamento finlandês. Entre os 200 deputados, 100 já se mostraram à favor da adesão e somente 12 disseram ser contra, de acordo com a mídia finlandesa.

Em paralelo, Helsinki multiplicou os contatos com a maioria dos 30 membros da Otan.

O partido Social Democrata sueco, por sua vez, anunciou segunda-feira (11) um debate interno sobre a questão. E o movimento de extrema direita dos Democratas da Suécia decidiu pela primeira vez apoiar a candidatura do país, caso a Finlândia fizesse o mesmo.

O secretário-geral da Otan, o norueguês Jen Stoltenberg, afirmou diversas vezes que a porta estava aberta aos países escandinavos.

Outros países do norte da Europa já são membros, como a Noruega, a Dinamarca, a Islândia, a Polônia, a Estônia, a Lituânia e a Letônia.

Para Helsinki, a Otan acredita que sejam necessários entre quatro e 12 meses para fechar o processo e a Finlândia passe a ser o 31º membro da aliança, o que necessita de um acordo e uma ratificação unânime.

Qual a reação da Rússia? Moscou alertou Estocolmo e Helsinki, sublinhando que uma adesão teria “consequências políticas e militares”.

(Com informações da AFP)

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