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Rússia anuncia trégua para retirar civis e Ucrânia destaca "pontos positivos" nas negociações

As delegações russa e ucraniana se reuniram novamente nesta segunda-feira (7) na fronteira entre a Polônia e Belarus, na terceira rodada de negociações para discutir uma possível solução para o conflito militar que envolve os dois países. Para os ucranianos, o encontro trouxe "resultados positivos" em relação a abertura de corredores humanitários. Já a Rússia considerou que a reunião "ficou abaixo das expectativas", mas anunciou uma trégua para a retirada de civis no início da noite.

Russos e ucranianos participam da terceira rodada de discussões na fronteira entre a Polônia e Belarus
Russos e ucranianos participam da terceira rodada de discussões na fronteira entre a Polônia e Belarus via REUTERS - BELTA
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A Rússia anunciou nesta segunda-feira(7) uma trégua em várias cidades ucranianas a partir das 7h desta terça-.feira para a evacuação de civis por corredores humanitários. "A Federação Russa anuncia um cessar-fogo a partir das 10h, horário de Moscou, de 8 de março" para a evacuação de civis de Kiev, além das cidades de Sumy, Kharkiv, Chernigov e Mariupol, informou o setor do Ministério da Defesa responsável por operações humanitárias na Ucrânia, em nota citada por agências de notícias russas.

Mais cedo, em uma mensagem publicada no Twitter, o conselheiro da presidência ucraniana, Mykhaïlo Podoliak, disse que há evoluções positivas que envolvem a logística dos corredores humanitários. "Algumas mudanças serão feitas e poderemos ajudar de maneira mais eficaz as pessoas que sofrem com as agressões da Rússia", declarou. Em relação à negociação de um cessar-fogo, o representante ucraniano afirmou que os "diálogos vão continuar", mas ainda não há "resultados concretos que poderiam melhorar a situação", frisou.

Para o negociador russo, Vladimir Medinski, a terceira rodada de discussões, que aconteceu em Belovejskaïa Pouchtcha, um parque nacional situado na fronteira entre Belarus e a Polônia, foi decepcionante. "Esperamos que, da próxima vez, a gente consiga obter maiores avanços", disse em uma coletiva de imprensa transmitida pelo canal russo Rossia 24.

A ofensiva russa, iniciada em 24 de fevereiro, provocou a fuga de mais de 1,5 milhão de pessoas da Ucrânia e um número ainda maior de habitantes estão deslocados dentro do país ou bloqueados em cidades bombardeadas pela Rússia. O agravamento do conflito também provoca turbulências financeiras e o aumento dos preços do petróleo e do ouro, com consequências ainda incertas para a economia mundial.

Para retirar suas tropas do país, o presidente russo, Vladimir Putin, estabeleceu como condição preliminar a desmilitarização da Ucrânia e o estabelecimento do status de neutralidade no país. Nesta segunda-feira (7), os bombardeios continuaram. Treze pessoas morreram em um ataque a uma fábrica de pães em Makariv, a 50 quilômetros a oeste de Kiev, de acordo com as equipes de resgate ucranianas. Novos combates também foram registrados perto de Sumy, no nordeste.

Ucranianos tentam embarcar em ônibus para a Polônia na cidade de Lviv
Ucranianos tentam embarcar em ônibus para a Polônia na cidade de Lviv REUTERS - THOMAS PETER

Cinismo moral e político

O presidente francês, Emmanuel Macron, denunciou nesta segunda-feira o "cinismo moral e político" de seu homólogo russo Vladimir Putin "ao propor corredores humanitários aos habitantes de várias cidades ucranianas que os levariam à Rússia."Não conheço muitos ucranianos que queiram se refugiar na Rússia. É um cinismo moral e político insuportável", disse Macron em uma entrevista à rede de televisão LCI .

Para o chefe de Estado francês, "os trabalhadores humanitários devem ser capazes de intervir para dar proteção às mulheres, crianças e homens e poder tirá-los da zona de conflito", acrescentou.

O exército russo anunciou, nesta segunda-feira, a abertura de vários corredores humanitários e o fim dos ataques locais para retirar civis das cidades ucranianas de Kharkov, Kiev, Mariupol e Sumy, que enfrentam intensos combates. A Ucrânia, no entanto, rejeitou a proposta, já que metade dos corredores levam a Belarus, aliada de Moscou, ou à Rússia. "Não é uma opção aceitável", disse a vice-primeira-ministra ucraniana Iryna Vereschuk.

Macron, candidato à reeleição em abril, estimou que a guerra na Ucrânia "está piorando", mas tentou tranquilizar a população, dizendo "a França não está em guerra com a Rússia" e que ele está tentando colocar um fim ao conflito. Outro objetivo de sua mediação entre Moscou e Kiev é evitar "catástrofes" nucleares, depois que forças russas tomaram na semana passada a usina ucraniana de Zaporizhzhia, a maior da Europa.

O presidente francês, Emmanuel Macron, criticou o o "cinismo moral e político" de seu homólogo russo Vladimir Putin por propor corredores humanitários aos habitantes de várias cidades ucranianas para "levá-los à Rússia".
O presidente francês, Emmanuel Macron, criticou o o "cinismo moral e político" de seu homólogo russo Vladimir Putin por propor corredores humanitários aos habitantes de várias cidades ucranianas para "levá-los à Rússia". © AFP

Adesão à UE

Os países da União Europeia (UE) concordaram nesta segunda-feira (7) em iniciar o processo de análise dos pedidos de adesão da Ucrânia, Geórgia e Moldávia, anunciou a presidência francesa do Conselho da UE. Com este acordo, os países-membros vão agora convidar a Comissão Europeia a apresentar um parecer sobre cada uma das candidaturas apresentadas por estes três países, para decidir sobre a concessão do status de países candidatos.

Dessa forma, a Comissão Europeia terá que se pronunciar sobre cada demanda separadamente, na primeira etapa de um longo e complexo processo que em seu capítulo final exige o voto unânime dos 27 Estados-membros do bloco. A Ucrânia, que enfrenta a invasão da Rússia, solicitou adesão imediata, por meio do que chamou de "procedimento especial", embora esse mecanismo não esteja previsto nas regras da UE.

Normalmente, o processo de adesão de um país à UE exige a negociação de um plano de reforma muito detalhado que costuma levar vários anos. Atualmente, Albânia, Macedônia do Norte, Montenegro, Sérvia e Turquia são formalmente reconhecidos como países candidatos.

No caso da Turquia, as negociações se arrastam há mais de duas décadas, embora estejam praticamente paralisadas desde 2016. O último país a aderir à UE foi a Croácia, em 2013, embora as negociações tenham começado oito anos antes, em 2005. A Comissão Europeia não tem um prazo definido para emitir um parecer. No caso da adesão da Romênia, concluída em 2007, decorreram dois anos entre o pedido de adesão e o parecer da Comissão.

(Com informações da AFP)

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