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Brasileiros se escondem em bunkers para escapar de bombardeios russos

As forças russas estão fechando o cerco a Kiev e visam diretamente o presidente ucraniano, Volodimyr Zelensky. Diversos bairros da capital ucraniana são alvos de ataques e muitos brasileiros que moram na capital estão escondidos em um dos inúmeros bunkers da cidade para se proteger das bombas.O prefeito da cidade, Vitali Klitschko, disse, nesta sexta-feira (25), que a cidade entrou em uma "fase defensiva" diante do avanço das tropas de Putin. 

Os brasileiros David Abu-Gharbil, Jonatan e Mateus em um bunker em Kiev
Os brasileiros David Abu-Gharbil, Jonatan e Mateus em um bunker em Kiev © Arquivo Pessoal
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O engenheiro eletrônico e estudante de Medicina brasileiro David Abu-Gharbil, 30 anos, de São Paulo, vive desde dezembro na capital ucraniana, onde mora e trabalha. Assim como outros moradores da cidade, ele foi pego de surpresa pela rapidez com que a Rússia decidiu deixar a diplomacia de lado e partir para a ofensiva na Ucrânia.

Diante da violência dos ataques, que se intensificaram na madrugada desta quinta-feira (24), os habitantes da capital foram levados a buscar proteção nos bunkers de Kiev. David conseguiu se esconder com outros dois brasileiros, Jonatan e Mateus, em um bunker no bairro de Osokorky, a 30 metros do apartamento onde ele vive na capital ucraniana.

"A bomba que caiu foi no bairro ao lado", contou, por mensagem, à RFI Brasil. Ele disse que, pela manhã, conseguiu deixar o subterrâneo para estocar alguns produtos básicos, mas aguarda a reabertura dos supermercados para comprar mais comida. Por enquanto, não há perspectivas imediatas de deixar a cidade, declarou. “Talvez amanhã possamos sair com os jogadores brasileiros que estão no Shakhtar”, disse.

Os jogadores brasileiros do Shakhtar Donetsk e do Dínamo se reuniram em Kiev, nesta quinta-feira (24) e gravaram um vídeo destinado à embaixada do Brasil, solicitando ajuda para deixar o país europeu. 

Desde o início da crise na Ucrânia, David vem compartilhando suas impressões e cotidiano nas redes sociais. Em um vídeo publicado no Facebook e no Instagram, ele conta que passou a noite em claro. Por volta das 4h da manhã, uma bomba caiu a poucos quilômetros do apartamento onde ele mora. “A noite virou dia, de tão claro que ficou”, descreve o brasileiro. Ele também contou que os ataques não dão trégua, as estradas estão lotadas e a orientação é sair o menos possível. “Torçam por nós que vai dar tudo certo, logo isso acaba”, declarou.

Os bunkers ucranianos foram construídos na época da ex-União Soviética para proteger a população em caso de ataque nuclear. Situados na parte subterrânea da cidade, eles podem receber até 400 mil pessoas.

 

A RFI Brasil também conversou rapidamente com outro brasileiro em Kiev, que preferiu não se identificar. Ele está dividindo o espaço com outros ucranianos em um bunker perto do aeroporto de Kiev e contou que pretende ficar no país até domingo.

Em uma nota publicada em sua página no Facebook, nesta sexta-feira (25), a Embaixada do Brasil na Ucrânia recomenda “abrigar-se em um local seguro, acompanhar as notícias e aguardar. A situação de segurança continua muito instável e imprevisível em várias regiões”, diz a nota. Nesta quinta-feira (24), a Embaixada também emitiu outro comunicado, no qual informa que está renovando o cadastro dos 500 brasileiros que residem no país para transmitir informações.

Rendição

A Rússia está pronta para negociações com as autoridades ucranianas, se a Ucrânia "depuser as armas" - declarou o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, nesta sexta-feira (25). "Estamos prontos para negociações, a qualquer momento, assim que as Forças Armadas ucranianas ouvirem nosso chamado e depuserem suas armas", disse o chanceler, em uma entrevista coletiva no dia seguinte ao início da invasão russa da Ucrânia.

"O presidente Putin tomou a decisão por esta operação militar especial para desmilitarizar e desnazificar a Ucrânia para que, livres dessa opressão, os ucranianos possam escolher livremente seu futuro", afirmou. O veterano diplomata russo também ecoou as palavras de Putin, assegurando que "ninguém está se preparando para ocupar a Ucrânia. O objetivo da operação é claro: desmilitarização e desnazificação".

A Rússia acusa a Ucrânia de cometer um "genocídio" da população de língua russa do leste do país vizinho, sem fornecer qualquer prova a respeito. "Queremos que o povo da Ucrânia, todos os povos ucranianos, determinem livremente seu futuro", completou Lavrov.

(RFI e AFP)

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