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Rejeitar migrantes nas fronteiras europeias se tornou "normal", denuncia ONU

A ONU alertou, nesta segunda-feira (21), contra a "normalização" da rejeição de refugiados e migrantes nas fronteiras da Europa. A organização também denunciou a violência e o desrespeito dos direitos humanos que provocaram mortes. 

Imagem do acampamento de migrantes em Mavrovuni, na ilha de Lesbos, na Grécia, em 2021.
Imagem do acampamento de migrantes em Mavrovuni, na ilha de Lesbos, na Grécia, em 2021. REUTERS - ALKIS KONSTANTINIDIS
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"O que acontece nas fronteiras da Europa é ilegal, moralmente inaceitável e tem que acabar", escreveu, em um comunicado, o Alto Comissário da ONU para os Refugiados, Filippo Grandi.

Ele disse temer que "essas práticas deploráveis se normalizem e se tornem regra" e criticou a "violência e os maus-tratos, que continuam a ser denunciados, nas fronteiras terrestres e marítimas, dentro e fora da União Europeia, apesar dos apelos constantes para que seja colocado um fim nessas práticas", acrescentou.

O representante da ONU citou principalmente os incidentes que ocorrem nas fronteiras entre a Grécia e a Turquia. De acordo com o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, houve cerca de 540 expulsões "informais" pela Grécia desde o início de 2020. Outros problemas "preocupantes" foram registrados na Europa central e do sudeste e nas fronteiras com os Estados membros da UE", disse Grandi.

Millhares de refugiados na Europa foram vítimas de violações de direitos humanos ou rejeições ilegais, mas não denunciaram oficialmente tais práticas, que revelam, segundo a ONU, "um esquema preocupante de ameaças, intimidação, violência e humilhação". 

Migrantes em Kokkinotrimithia, no Chipre, em novembro de 2021.
Migrantes em Kokkinotrimithia, no Chipre, em novembro de 2021. Amir MAKAR AFP/File
O Alto Comissariado da organização também denunciou a maneira como os migrantes e refugiados são tratados pelos coiotes durante as travessias no mar. "As pessoas contam ter sido deixadas à deriva em botes infláveis e forçadas a se jogarem na água, o que demonstra uma falta de consideração cruel pela vida humana." 

De acordo com a ONU, pelo menos três pessoas morreram nessas condições no mar Egeu desde setembro de 2021, uma delas em janeiro deste ano.

"O mesmo tipo de prática é denunciado com frequências nas fronteiras terrestres, com depoimentos de pessoas que contaram ter sido despidas e expulsas em condições climáticas difíceis", revela Grandi. Segundo ele, a maioria dos países europeus não investigou as denúncias.

Guarda costeira grega socorre 20 pessoas de um barco de migrantes que naufragou no mar Egeu, em outubro.
Guarda costeira grega socorre 20 pessoas de um barco de migrantes que naufragou no mar Egeu, em outubro. AFP - DIMITRIS VOUCHOURIS

O representante da ONU lamenta que as autoridades estejam mais preocupadas em "construir muros e instalar grades", medidas que, segundo ele, não impedirão os migrantes e refugiados a fugirem de guerras e perseguições em seus países de origem e tentarem a vida na Europa. "O que acontece nas fronteiras europeias é juridicamente e moralmente inaceitável e precisa parar", insistiu.

(Com informações da AFP)

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