Crise de refugiados: Polônia prende dezenas de refugiados e acusa Belarus de ter provocado crise
A Polônia anunciou, nesta quarta-feira (10), uma operação contra os migrantes reunidos na fronteira com Belarus e a detenção de 50 pessoas, ao mesmo tempo que acusou Minsk e Moscou de terem organizado uma crise na entrada da Europa. De 3.000 a 4.000 migrantes, principalmente curdos do Oriente Médio, estão aglomerados há vários dias em uma área de bosques, na fronteira leste da União Europeia (UE), sob temperaturas gélidas e diante de tropas polonesas enviadas à região para impedir a passagem.
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“Estamos muito preocupados com a situação humanitária e fazemos um apelo para os estados para garantir a segurança e o respeito aos migrantes e refugiados. Houve várias mortes trágicas nos últimos dias”, declarou à RFI Céline Schmitt, porta-voz da Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), que, junto com a Organização Internacional para as Migrações (OIM) denunciam “a instrumentalização dos migrantes e refugiados para fins políticos.”
O primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, acusou o presidente russo, Vladimir Putin, de "dirigir" a onda de migrantes que tentam entrar ilegalmente na Polônia a partir de Belarus. Ele disse que o "ataque" ameaça desestabilizar a UE.
Moscou chamou as acusações de "irresponsáveis e inaceitáveis".
A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, pediu ao presidente Putin "ação contra a instrumentalização dos migrantes por parte do governo de Belarus", segundo o seu porta-voz, Steffen Seibert. Durante uma conversa telefônica, a chanceler considerou "inaceitável a instrumentalização dos migrantes" na fronteira entre Polônia e Belarus.
Travessia da fronteira
As autoridades polonesas anunciaram nesta quarta-feira que houve um aumento nas tentativas de atravessar a fronteira e que algumas pessoas conseguiram chegar ao país. Nas últimas 24 horas, a polícia prendeu mais de 50 pessoas perto da fronteira por entrada ilegal no território, informou à AFP Tomasz Krupa, porta-voz do departamento regional de Podlaskie.
Na mesma região, de acordo com a porta-voz dos guardas de fronteira, Katarzyna Zdanowicz, três pessoas - um russo, um lituano e um sueco - foram detidos por terem contribuído para a "organização de travessias ilegais". Eles podem ser condenados a oito anos de prisão.
"A situação não é tranquila", afirmou o ministro polonês da Defesa, Mariusz Blaszczak.
Ele acrescentou que pequenos grupos de migrantes tentam ultrapassar a fronteira do país, de "forma simultânea por diferentes lugares".
Quase 15.000 soldados protegem as fronteiras polonesas, completou.
Intimidações
O ministério da Defesa também afirmou que as autoridades bielorrussas intimidam os migrantes para que atravessem a fronteira à força.
A pasta divulgou dois vídeos no Twitter que mostram um tiro supostamente disparado do lado bielorrusso da fronteira por um homem de uniforme.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, deve conversar nesta quarta-feira, em Varsóvia, com o primeiro-ministro polonês sobre a situação.
Ao menos 10 migrantes morreram na região, desde o início da crise, sete do lado polonês, segundo o jornal Gazeta Wyborcza.
A Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, também falou sobre a crise. "Peço aos Estados envolvidos que adotem medidas imediatas para desativar e resolver esta situação intolerável, dentro de suas obrigações no direito internacional dos direitos humanos e dos direitos dos refugiados".
Belarus acusa Ocidente
Diante de uma quinta rodada de sanções, que mencionam no Ocidente, o pretexto utilizado desta vez é a crise migratória provocada pela UE e seus membros limítrofes com Belarus", afirmou o chefe da diplomacia bielorrussa, Vladimir Makei, em uma reunião com seu colega russo em Moscou.
Makei destacou que espera um "trabalho reforçado" com a Rússia, seu principal aliado, incluindo "uma reação conjunta a atos inamistosos" direcionados a Belarus.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, concordou e afirmou que Minsk e Moscou reforçaram a "colaboração efetiva para contra-atacar a campanha contra Belarus iniciada por Washington e seus aliados europeus nas organizações internacionais".
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